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Seção 301 volta a mirar Brasil após ameaça de Trump com tarifa de 50%

Investigação americana atinge Pix, desmatamento e comércio popular; decisão pode levar até 12 meses

US President Donald Trump speaks to reporters aboard Air Force One in the air on August 15, 2025, en route to Anchorage. US President Donald Trump departed Washington en route to Alaska Friday for a high-risk summit with his Russian counterpart Vladimir Putin that could prove decisive for the future of Ukraine. (Photo by ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP) (ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP)

US President Donald Trump speaks to reporters aboard Air Force One in the air on August 15, 2025, en route to Anchorage. US President Donald Trump departed Washington en route to Alaska Friday for a high-risk summit with his Russian counterpart Vladimir Putin that could prove decisive for the future of Ukraine. (Photo by ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP) (ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 18 de agosto de 2025 às 09h25.

O governo brasileiro entregou nesta segunda-feira, 18, sua defesa formal ao processo aberto pelos Estados Unidos sob a Seção 301, dispositivo da lei de comércio de 1974 usado para investigar práticas consideradas desleais contra empresas americanas.

A apuração foi anunciada uma semana após o presidente Donald Trump ameaçar e impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.

Entre os alvos estão o Pix, o combate ao desmatamento, redes sociais e o comércio popular da Rua 25 de Março, em São Paulo. O Brasil é acusado de adotar políticas que supostamente afetam de forma desigual empresas dos EUA em áreas como serviços financeiros, comércio digital e propriedade intelectual.

A investigação foi aberta pelo USTR, United States Trade Representative, escritório do governo americano responsável pela política comercial. O processo pode durar no mínimo 12 meses, com fases de consulta pública, audiência e análise técnica antes de uma recomendação final.

Como funciona a Seção 301

Criada em 1974, a Seção 301 da lei americana permite que os EUA investiguem e retaliem países que adotem medidas consideradas discriminatórias no comércio bilateral. A ferramenta permite sanções como tarifas extras, restrições de importação ou suspensão de benefícios comerciais.

Segundo o ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral, o processo exige prazos e etapas específicas. "Há consulta pública e audiência. Os exportadores brasileiros podem participar, mas a decisão é unilateral", disse.

Neste caso, o governo americano inverteu a ordem tradicional: Trump anunciou as tarifas antes da abertura formal do inquérito, uma prática incomum.

Impactos potenciais para o Brasil

Se o USTR concluir que há práticas irregulares, os EUA poderão ampliar as sanções. O Pix, por exemplo, poderia ser alvo indireto de retaliações a serviços financeiros, embora especialistas considerem improvável a caracterização como mecanismo discriminatório.

Além do Brasil, países como China, Índia, Japão e o bloco da União Europeia já enfrentaram investigações sob a mesma regra. Nos anos 1980, o Brasil também foi alvo de dois processos por limitar a atuação de empresas americanas de tecnologia.

Atualmente, a Seção 301 também está sendo usada contra a Nicarágua, por supostas violações de direitos trabalhistas e humanos.

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