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Se eleita, Dilma contará com um Congresso mais coeso que o de Lula

Segundo especialistas, aumento da base governista na Câmara e no Senado poderá tornar o governo de Dilma mais fácil que o de seu antecessor. Eventual gestão de Serra dependerá do PMDB

Se eleita, Dilma Rousseff governaria com mais tranquilidade que Lula; Serra teria margem de folga menor.  (.)

Se eleita, Dilma Rousseff governaria com mais tranquilidade que Lula; Serra teria margem de folga menor. (.)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h36.

São Paulo - No jogo de governança política, o sonho de consumo de qualquer presidente eleito é contar com um Congresso amigável que facilite seus quatro anos de gestão. Partindo desse pressuposto, o site EXAME conversou com cientistas políticos para entender de que forma o recém-formado cenário congressista dominado pelo PT e PMDB pode afetar a governabilidade dos candidatos à presidência Dilma Rousseff e José Serra.

Dilma governaria com mais tranquilidade

O PT e o PMDB terão as maiores bancadas na Câmara dos Deputados a partir da próxima legislatura, com 88 e 79 cadeiras respectivamente, aumentando suas participações em relação a 2006. Além de capitanearem a base governista da candidata Dilma Rousseff, eles conseguiram formar as duas maiores bancadas congressistas.

"Para qualquer governo que assuma, ter maioria no Congresso é sempre melhor", afirma Carlos Ranulfo, cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais. Se eleita, diz ele, a petista terá um Congresso mais colaborativo que o de Lula para aprovar reformas e projetos. "O PT também sai ganhando, já que sua maior presença na Casa possibilita ao partido reivindicar mais postos no Congresso".

Já o PMDB, apesar de estar na base aliada de Dilma, pode dar dor de cabeça em alguns momentos. "A adesão peemedebista é pouco coesa. No Paraná, Santa Catarina, e Rio Grande do Sul eles não apóiam com facilidade a Dilma", afirma Ranulfo. O cientista político da UERJ João Feres concorda. "O PMDB é muito heterogêneo e pode rachar por questões fundiárias, movimentos sociais, aborto e divisão de água", avalia.

Para o cientista político e analista da Arko Advice Cristiano Noronha, o relacionamento entre PT e PMDB, apesar de marcado pelo conflito e pela disputa de poder, tende a apaziguar. "As duas legendas sabem da importância que uma terá para a outra no caso de vitória de Dilma Rousseff. Vale lembrar que o vice de Dilma, deputado Michel Temer, é do PMDB e vai querer participar ativamente, o partido vai exigir isso", diz.

Segundo o especialista, os partidos da base aliada, incluindo os menores, tendem a ficar mais unidos, porque "surfaram na onda" de popularidade do presidente Lula. "Teremos um Congresso mais agregado do que o dos últimos quatro anos", avalia.

Governo de Serra teria margem de folga restrita

O resultado das eleições do último domingo (3) também mostra que o PSDB vai ocupar, a partir de 2011, 53 postos da Câmara e seu principal aliado, o DEM, terá a quarta maior, com 43 cadeiras. Os peesedebistas também saíram forte das eleições ao governo, ganhando já no 1º turno nos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas Gerais, além de Paraná e Tocantins.

Na avaliação dos especialistas, em caso de vitória no 2º turno, o candidato tucano teria um Congresso igual ou ligeiramente mais favorável que o dos últimos quatro anos. "Se o Serra vencer, o PMDB deverá se aliar à base tucana", diz o professor da UFMG Carlos Ranulfo.

"O Congresso Nacional tem vocação governista e não gosta de oposição", afirma o analista da Arko Advice, Cristiano Noronha. "Isso é favorável ao governante aberto a diálogos". Segundo o especialista, José Serra, se eleito, teria um quadro político positivo, de repente não tanto como o de Dilma, mas ainda assim favorável. "Ele teria, sim, condições de constituir uma boa governança no planalto, só que, talvez, com uma margem de folga mais restrita".

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