Vaticano atualiza estado de saúde do Papa Francisco (Alberto PIZZOLI/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 16h38.
No 14º dia de internação no Hospital Gemelli, em Roma, as condições clínicas do Papa Francisco "estão melhorando", afirmou o Vaticano, no mais recente boletim sobre a saúde do Pontífice, que ainda não traz perspectivas sobre uma possível alta. Mais cedo, fontes da Santa Sé afirmaram que a situação era “estável”, e que seria submetido a novos exames.
De acordo com o boletim, o Papa "alternou a oxigenoterapia de alto fluxo com a máscara de ventilação", sugerindo uma melhora das condições respiratórias. Pela manhã, diz o texto, "o Santo Padre dedicou a manhã à fisioterapia respiratória, alternando-a com repouso, enquanto à tarde, após mais uma sessão de fisioterapia". Depois, o Vaticano afirma que ele "se reuniu em oração na capela do apartamento privado localizado no 10º andar, recebendo a Eucaristia", e que "então se dedicou às atividades de trabalho".
A mensagem é uma dos mais animadoras desde a internação do Pontífice, no dia 14 de fevereiro, mas os médicos ainda são cautelosos: segundo a Santa Sé, "dada a complexidade do quadro clínico, são necessários dias adicionais de estabilidade clínica para resolver o prognóstico".
Na véspera, o boletim não mencionou, pela primeira vez, um quadro “crítico” do Papa, de 88 anos, como vinha fazendo desde uma crise respiratória no fim de semana, que levou a um tratamento de oxigenoterapia de alto fluxo, além de uma transfusão de sangue. Francisco foi diagnosticado com uma pneumonia nos dois pulmões, e durante os piores momentos da internação, com uma insuficiência renal leve, já controlada. Fontes da Santa Sé afirmam ainda que, o Papa evolui “de forma normal, similar à de um paciente em terapia”.
O Vaticano disse que o Papa não recebeu visitas nesta quinta-feira, mas descansou bem durante a noite e passou parte do dia em uma poltrona. Ele “está atento ao que está acontecendo, em particular às iniciativas de orações de fiéis”, que segue com o tratamento com oxigênio e, em uma marca pessoal do Pontífice, está de “bom humor”.
A audiência de sábado no Vaticano foi cancelada, e ainda não há informações sobre a oração do Angelus, no domingo, na Praça de São Pedro. De acordo com o jornal La Repubblica, o Papa expressou o desejo de aparecer na janela e acenar ao público, mas os médicos são contra — há alguns dias, eles afirmaram que, por enquanto, Francisco não deveria sequer respirar o ar fresco do inverno romano, por conta de seu estado de saúde. O Vaticano não se pronunciou sobre os eventos relativos à Quaresma ou os da Páscoa, cuja presença do Papa é cada vez menos provável.
Desde o início de seu Pontificado, Francisco conviveu, especialmente nos últimos anos, com uma série de problemas de saúde. Em 2021 ele foi internado para se submeter a uma colectomia esquerda, na qual removeu 33 centímetros de seu cólon.
Dois anos depois, em março de 2023, foi internado às pressas por causa de uma pneumonia, classificada como uma forma “grave e aguda” da doença, localizada na parte inferior dos pulmões — quando jovem, Francisco precisou remover parte de um dos pulmões por causa de uma doença respiratória. Naquele mesmo 2023, passou por uma operação para corrigir uma hérnia abdominal que estava obstruindo seu intestino. Na cirurgia, foi submetido a anestesia geral.
Com um histórico médico extenso, a nova internação do Papa alertou médicos, assessores e fiéis, especialmente diante dos diagnósticos de pneumonia e da crise do fim de semana. Mas o Papa, como o faz desde antes de chegar ao comando da Igreja Católica, não parece disposto a diminuir o ritmo de trabalho: nas últimas duas semanas, ele recebeu membros importantes da Cúria, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e não deixou de assinar decretos, como os da canonização de José Gregorio Hernández Cisneros, que será o primeiro santo venezuelano.
Ele também convocou um consistório, uma reunião solene dos cardeais, para tratar das novas canonizações, ato que, para alguns, é um sinal de que Francisco quer seguir os passos de seu antecessor, Bento XVI, e renunciar ainda em vida. Pessoas próximas ao Pontífice rejeitam a hipótese, dizendo se tratar de boatos lançados por uma ala contrária ao Pontífice, e destacam que a convocação do encontro seria uma forma do Papa dizer que ainda é capaz de comandar a Igreja.
“Renúncia? Sinto que responder a essa pergunta é alimentar especulações e acho que é quase desrespeitoso com ele. O Papa está se recuperando e confiamos que Deus nos concederá sua presença por muito tempo”, afirmou ao site LaPresse o arcebispo metropolitano de Buenos Aires, monsenhor Jorge Ignacio García Cuerva.