Mundo

Sarkozy é citado por testemunha no caso Karachi

Novas revelações publicadas nesta segunda-feira pelo jornal Libération ligam o presidente francês a um suposto desvio de fundos

O presidente francês negou várias vezes ter participação no caso
 (Charles Platiau/AFP)

O presidente francês negou várias vezes ter participação no caso (Charles Platiau/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de janeiro de 2012 às 10h56.

Paris - O presidente francês Nicolas Sarkozy foi citado por uma testemunha em uma série de depoimentos sobre a venda de armas ao Paquistão nos anos 1990, um caso que mistura um atentado em Karachi e suspeita de financiamento político ilegal, segundo o jornal Libération nesta segunda-feira (2).

Um ex-funcionário confirmou em dezembro ao juiz de instrução do "caso Karachi" que Nicolas Sarkozy, ministro do Orçamento em 1994, validou a criação de uma sociedade usada para pagar intermediários em contratos de armas, afirmou o Libération.

O jornal se baseia no relatório da audiência do dia 2 de dezembro de Gérard Philippe Menayas, um ex-funcionário do ministério da Defesa e ex-diretor do braço internacional do Departamento de Construção Naval (DCNI), que vendeu em 1994 submarinos para o Paquistão.

Menayas foi interrogado sobre a criação em Luxemburgo da sociedade Heine, utilizada pela DCNI para pagar comissões - legais até 2000 - a intermediários nos contratos de armamentos.

"É claro que o ministério de Orçamento, necessariamente, concordou com a criação da Heine (...) Dada a importância do assunto, esta decisão só poderia ser tomada no gabinete do ministro", declarou.

Neste caso complexo, o juiz quer saber se as comissões pagas por contratos concluídos em 1994 com o Paquistão (submarinos Agosta) e Arábia Saudita (fragatas Sawari II), resultaram em propinas (ilegais) que teriam financiado a campanha presidencial do ex-primeiro-ministro Edouard Balladur em 1995.


Parte do dinheiro pago para obter estes contratos teria retornado à França para alimentar as contas da campanha Balladur, da qual, Nicolas Sarkozy era porta-voz, além de suas funções ministeriais.

A justiça questiona ainda a ligação do caso com um atentado em maio de 2002, em Karachi, que matou 15 pessoas, incluindo 11 franceses. Segundo esta tese, o fim do pagamento das comissões em 1995 teria desencadeado retaliações.

Um relatório da polícia de Luxemburgo de janeiro de 2010 já havia divulgado o fato de Nicolas Sarkozy ter concordado com a criação da Heine.

Nicolas Sarkozy negou várias vezes ter qualquer papel neste caso.

Duas pessoas próximas do atual presidente, Thierry Gaubert e Nicolas Bazire, foram acusados, além de um ex-ministro, Renaud Donnedieu de Vabres.

Acompanhe tudo sobre:ArmasEuropaFrançaJustiçaNicolas SarkozyPaíses ricosPolíticaPolíticos

Mais de Mundo

Biden diz a Trump que os migrantes são o "sangue" dos Estados Unidos

Incêndios devastam quase 95 mil hectares em Portugal em 5 dias

Relatório da ONU e ONGs venezuelanas denunciam intensificação de torturas nas prisões do país