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Sánchez vence na Espanha e extrema-direita ganha força

Com cerca de 99,98% dos votos contados, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) de Sánchez é o vencedor com 120 cadeiras das 350 da Câmara Baixa

Pedro Sánchez: o premiê não conseguiu formar governo após as últimas eleições, em abril (Javier Barbancho/Reuters)

Pedro Sánchez: o premiê não conseguiu formar governo após as últimas eleições, em abril (Javier Barbancho/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de novembro de 2019 às 18h31.

Última atualização em 10 de novembro de 2019 às 22h44.

O atual presidente e líder socialista espanhol Pedro Sánchez ganhou sem maioria absoluta as eleições legislativas deste domingo na Espanha. A extrema-direita do Vox tornou-se a terceira força do parlamento, que deve permanecer bloqueado.

Com cerca de 99,98% dos votos contados, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) de Sánchez é o vencedor com 120 cadeiras das 350 da Câmara Baixa, três a menos do que nas eleições de 28 de abril.

O Vox teve o maior crescimento, capitalizado pela crise da Catalunha, somando 52 assentos, mais do que o dobro em comparação aos 24 conquistados em abril.

O conservador Partido Popular (PP) também ganhou espaço, passando de 66 assentos para 83, enquanto o Cidadãos, partido de centro-direita liberal, foi pulverizado, caindo de 57 deputados para somente 10.

A esquerda radical do Podemos ficou com 35 deputados e sua cisão Mais País entra na Câmara com 3 cadeiras.

Em qualquer caso não há maioria absoluta nem para o bloco da direita (PP, Vox e Cidadãos) nem para a esquerda (PSOE, Podemos e Mais País), que globalmente superam os conservadores.

O panorama ameaça o prolongamento do crônico bloqueio que atinge a política espanhola desde 2015, quando o surgimento do Podemos e do Cidadãos pôs fim ao tradicional bipartidarismo PSOE/PP.

Desde então houve quatro eleições legislativas, governos fracos e pouca legislação no Parlamento de um país que agora enfrenta sinais sérios de desaceleração econômica.

A eleição desse domingo se deveu ao fracasso do PSOE e do Podemos de fechar um governo de coalizão.

Muita Catalunha

"Votei na direita, porque as coisas mais importantes são a unidade da Espanha e (garantir) as aposentadorias", indicou à AFP Rafael García, de 84 anos, no bairro madrilenho de Hortaleza, onde as janelas foram enfeitadas com bandeiras espanholas.

Um dos temas dominantes da campanha foi a situação na Catalunha, onde segue vivo o pulso do separatismo contra o Estado.

A temperatura disparou com a condenação em outubro de nove líderes independentistas a penas de prisão de entre nove e 13 anos de prisão, por seu papel na tentativa fracassada de secessão de 2017. A sentença deu lugar a uma semana de distúrbios na Catalunha.

"Pensei em não votar, outra vez, que pesadelo!, mas depois eu não ia gostar se ganhar a direita com a ultradireita", disse Mari Carmen López, 25 anos, depois de dar seu voto, no bairro barcelonês de Sant Andreu, ao Podemos, apesar de estar "decepcionada" porque a formação não conseguiu, após as eleições de abril, um acordo para governar com o PSOE, levando o país a estas novas legislativas.

O principal beneficiado da crise catalã parece ser o Vox, cujo líder, Santiago Abascal, defende "soluções drásticas": suspender a autonomia catalã, ilegalizar os partidos soberanistas, e prender o presidente da região, Quim Torra.

Sánchez não deixou de acusar o PP e o Ciudadanos de terem um discurso "colonizado" pelo Vox, graças ao qual governam em algumas regiões e cidades, como Madri.

Economia desacelerada

Durante a campanha, Sánchez cumpriu uma de suas promessas realizadas pouco depois de chegar ao poder, em junho de 2018: exumar os restos do ditador Francisco Franco do mausoléu onde estavam desde sua morte em 1975.

Pouco se falou, por outro lado, de economia, apesar dos recentes indicadores que apontam para uma desaceleração na quarta potência do euro.

Por exemplo, a Comissão Europeia cortou nesta semana em quatro décimos as previsões de crescimento para 2019 e 2020, a 1,9% e 1,5%.

O crescimento do PIB espanhol continuará, no entanto, acima da média da Eurozona, embora o analista Holger Schmieding, do banco alemão Berenberg, alerte que essa vantagem "caminha para diminuir nos próximos trimestres, a menos que um novo governo consiga enfim desativar o problema catalão e retomar as reformas favoráveis ao crescimento", algo "improvável" por enquanto.

Atualmente a Espanha continua com os orçamentos prorrogados de 2018, elaborados pelo anterior governo do PP.

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