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Saldo de mortos em refinaria de gás na Argélia sobe para 81

Segundo o ministro argelino das Comunicações, Mohamed Said, os guerrilheiros que tomaram a usina vieram de seis países diferentes

Delegação chefiada pelo ministro do Petróleo argelino Youcef Yousfi e pelo vice-ministro das Relações Exteriores japonês Miuro Kiuchi visita a usina de gás de In Amenas, na Argélia ( REUTERS / Canal Algerie)

Delegação chefiada pelo ministro do Petróleo argelino Youcef Yousfi e pelo vice-ministro das Relações Exteriores japonês Miuro Kiuchi visita a usina de gás de In Amenas, na Argélia ( REUTERS / Canal Algerie)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Argel - O saldo de mortos da tomada por terroristas da instalação de gás de Ain Amenas, na Argélia, e da subsequente intervenção do Exército argelino elevou-se a pelo menos 81 neste domingo, quando soldados que revistavam o local em busca de explosivos encontraram 25 corpos.

No sábado, depois de forças especiais argelinas tomarem o complexo que havia sido invadido por militantes islamitas na quarta-feira, o governo havia anunciado que 32 terroristas e 23 reféns haviam morrido, mas que o número final provavelmente seria maior.

Segundo o ministro argelino das Comunicações, Mohamed Said, os guerrilheiros que tomaram a usina vieram de seis países diferentes, estavam armados para "causar o máximo possível de destruição" e minaram as instalações da refinaria com explosivos.

Said disse em entrevista à rádio estatal argelina que os terroristas "planejavam explodir o complexo e matar todos os reféns".

Poucos detalhes foram divulgados sobre a operação militar do sábado, mas o número de reféns que morreram no ataque, sete, é o mesmo que os guerrilheiros haviam dito pela manhã que ainda estavam em seu poder.

De acordo com a agência estatal de notícias argelina, durante o ataque final deste sábado os guerrilheiros mataram sete reféns, antes de 11 deles serem mortos pelas forças especiais. O Ministério do Interior disse que 685 argelinos e 107 estrangeiros foram resgatados ao longo dos quatro dias da ocupação da usina. O grupo de sequestradores seria formado por 32 guerrilheiros de seis nacionalidades diferentes.

Um oficial das forças de segurança da Argélia disse que 25 corpos foram encontrados pelos esquadrões antibombas neste domingo. Segundo ele, os corpos estavam tão desfigurados que era difícil dizer se eram sequestradores ou reféns.

Ele ressalvou que o número de mortos ainda não é a contagem final oficial. Um refém romeno que havia sido resgatado no local morreu neste domingo, elevando o total contado até agora para 81 mortos.


A autoria do ataque foi assumida pela Brigada Mascarada, grupo fundado pelo argelino Moktar Belmoktar. Em vídeo datado da quinta-feira e postado no site Sahara Media, baseado na vizinha Mauritânia, Belmoktar diz que sua organização é associada à rede terrorista Al Qaeda, responsável pelos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 contra os EUA. "Nós, da Al Qaeda, somos responsáveis por essa operação que abençoamos", diz Belmoktar no vídeo.

O governo dos EUA advertiu que há ameaças plausíveis de novas tentativas de sequestro contra ocidentais que trabalham no Norte da África, e especialmente na Argélia, país que tem uma fronteira extensa com o Mali. A França está intervindo militarmente no Mali para combater forças islamitas que tomaram o controle do norte do país.

No ataque à usina de gás de Ain Amenas, os guerrilheiros mantiveram trabalhadores argelinos por apenas um breve período e se concentraram nos estrangeiros. "Agora, é claro que as pessoas vão levantar questões sobre a reação da Argélia a esses acontecimentos, mas eu diria que a responsabilidade por essas mortes é totalmente dos terroristas, que lançaram um ataque cruel e covarde", disse em Londres o primeiro-ministro britânico, David Cameron.

Três cidadãos britânicos morreram e acredita-se que outros três tenham sido mortos, ou pelos guerrilheiros ou na intervenção das forças argelinas.


O presidente da França, François Hollande, manifestou apoio à ação das forças argelinas, dizendo que elas eram "as mais adaptadas para reagir à crise" e que "não poderia haver negociação com os terroristas".

A ação do Exército da Argélia foi consistente com seu histórico de confrontar violentamente movimentos islâmicos armados, em vez de negociar. Desde o início do incidente, na quarta-feira, vários países manifestaram preocupação com seus cidadãos que estavam entre os reféns. As tropas argelinas lançaram dois ataques às áreas da usina onde os guerrilheiros mantinham reféns, na quinta-feira e no sábado, aparentemente sem tentar qualquer negociação.

Uma gravação de um diálogo por telefone entre oficiais argelinos e o líder do grupo que tomou a usina, Abdel Rahman al-Nigiri, indica que os sequestradores pretendiam fazer uma troca de prisioneiros com o governo do país. "Você vê, nossas exigências são tão fáceis, se vocês quiserem negociar conosco. Queremos os prisioneiros que vocês mantêm, os camaradas que foram presos 15 anos atrás. Queremos cem deles", diz Al-Nigiri na gravação.

Pessoas que conhecem pessoalmente o líder guerrilheiro confirmaram que a voz na gravação é dele.

Em outro telefonema, Al-Nigiri diz que metade dos guerrilheiros envolvidos na operação morreu no primeiro ataque das forças argelinas, na quinta-feira, e que ele estava disposto a explodir os reféns remanescentes caso houvesse nova operação militar.

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