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Saída dos EUA de acordo nuclear do Irã é vitória para Israel

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comemorou a decisão dos Estados Unidos e agora visita a Rússia para tentar fazer novos acordos

Netanyahu: o ex-conselheiro de Segurança Nacional afirmou que um novo acordo deve ser feito com o Irã (Ronen Zvulun/Reuters)

Netanyahu: o ex-conselheiro de Segurança Nacional afirmou que um novo acordo deve ser feito com o Irã (Ronen Zvulun/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de maio de 2018 às 15h12.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ganhou um longo combate pessoal contra o acordo nuclear iraniano com o anúncio da retirada dos Estados Unidos, uma decisão que mergulha o país na espera nervosa de uma resposta do Irã.

No dia seguinte, Netanyahu viajou para a Rússia, onde deve discutir com um dos signatários do acordo as consequências da decisão anunciada pelo presidente Donald Trump.

Netanyahu também analisará a situação na Síria, país vizinho de Israel, o crescimento da zona de influência iraniana e o epicentro das tensões entre Irã e Israel.

Netanyahu poderá apelar para a influência relativa de Moscou sobre o Irã para contê-lo, disse Emily Landau, pesquisadora no Instituto de Estudos de Segurança Nacional (INSS).

Na terça-feira à noite, um depósito de armas iranianas perto de Damasco foi alvo de um bombardeio que matou 15 estrangeiros combatentes pró-regime, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). A operação, a terceira desse tipo em um mês, foi mais uma vez atribuída a Israel por parte do governo.

Antes dessa operação e enquanto Trump se preparava para anunciar a retirada do acordo nuclear, o Exército israelense informou que havia detectado atividades iranianas "incomuns" na Síria e pôs suas forças em alerta no Golan, diante da possibilidade de um ataque de Teerã.

Ainda não se sabe até que ponto esses incidentes se relacionam com a declaração de Trump, mas reforçaram o nervosismo.

Palavra por palavra

Israel esteve se preparando há várias semanas diante da possibilidade de uma resposta iraniana - direta, ou por um intermediário.

Continua proclamando que não permitirá que o Irã se estabeleça na Síria e a use para lançar ataques contra seu território.

Israel também se considera como o alvo escolhido, caso o Irã se dote de armas nucleares e, nos últimos anos, esteve realizando operações militares na Síria e feito campanha contra o acordo nuclear.

Esta campanha é assumida por Netanyahu como uma luta pessoal. Em 2015, desafiou o governo de Barack Obama até o ponto de ir ele mesmo ao Congresso americano apresentar seus argumentos contra o acordo.

Há uma semana, deu um novo golpe, ao declarar na televisão que tinha milhares de documentos apreendidos por seus espiões e que, segundo ele, demonstrariam que o Irã tem um plano secreto para se dotar de uma arma nuclear, apesar do pacto de 2015.

O discurso de Trump na terça-feira poderia ter sido "palavra por palavra" o de Netanyahu, disse o jornal "Maariv". Os Estados Unidos, grande aliado de Israel, aplicaram a "doutrina Netanyahu", acrescentou o "Haaretz".

Trump citou os documentos apreendidos pelos espiões israelenses em Teerã como "a prova definitiva" da má-fé iraniana.

Os especialistas estão divididos sobre o impacto que esses documentos realmente tiveram na decisão de Trump.

Mas Yaakov Nagel, ex-conselheiro de Segurança Nacional de Netanyahu, deu "nota máxima" a Trump.

"Não se esqueçam de que há três níveis: existe o acordo correto, o acordo ruim e nenhum acordo (...). (Essa foi) a grande disputa entre o presidente Obama e o primeiro-ministro Netanyahu. E nós pensamos que não ter acordo algum é melhor do que (ter) um acordo ruim", alegou Nagel.

Agora, "precisamos de um acordo melhor", defendeu.

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