ONU: "Não foi possível chegar a um consenso", declarou o embaixador russo na ONU (Lucas Jackson/Reuters)
AFP
Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 21h36.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2018 às 11h15.
A Rússia usou seu veto nesta segunda-feira (26) na ONU contra uma resolução do Reino Unido, apoiada por Estados Unidos e França, que teria pressionado o Irã por sua incapacidade de bloquear o envio de mísseis ao Iêmen.
Depois do veto, o Conselho de Segurança adotou - por unanimidade - uma medida redigida pela Rússia que estende por um ano o embargo de armas no Iêmen, mas o texto não faz nenhuma menção a Teerã.
Esta dupla decisão do Conselho de Segurança representa um sério revés para os Estados Unidos e seus aliados, que haviam feito pressão para que Teerã fosse condenado pelos mísseis de fabricação iraniana lançados em 2017 contra a Arábia Saudita.
"Não foi possível chegar a um consenso", declarou o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, acrescentando que "nenhuma evidência" apoiou as afirmações dos Estados Unidos sobre a participação direta do Irã no lançamento de mísseis dos huthis contra a Arábia Saudita em 2017.
A Bolívia se uniu à oposição russa na votação. China e Cazaquistão se abstiveram, enquanto os 11 membros restantes votaram a favor da resolução britânica.
Para que a ONU aprove uma resolução são necessários ao menos nove votos a favor dos 15 países que compõem o Conselho de Segurança, e que nenhum dos cinco membros permanentes (China, Estados Unidos, Rússia, Reino Unido e França) use seu direito a veto.
Por conta disto, a Rússia enviou imediatamente um texto de resolução neste fim de semana, no qual autorizava uma renovação técnica por um ano do embargo de armas no Iêmen.
Ao expirar este embargo, nesta segunda-feira à noite, os 15 membros do Conselho de Segurança aprovaram a resolução russa.
Há vários meses, os Estados Unidos pressionam para que condenem e punam Teerã depois do lançamento de mísseis de fabricação iraniana contra a Arábia Saudita em 2017.
Um relatório da ONU concluiu que o Irã não cumpriu com as suas obrigações ao não impedir a chegada desses mísseis ao Iêmen. O texto também assegura que não foi possível identificar os responsáveis, ou os canais de transmissão que permitiram os huthis conseguirem o armamento.
Para a Rússia, o relatório da ONU não fornece nenhuma prova que acuse diretamente as autoridades iranianas.