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Rússia, Turquia e Irã não fazem acordo sobre reduto rebelde na Síria

Líderes dos três países realizaram nesta segunda-feira (16) seu quinto encontro sobre o conflito na Síria

Síria: 3,6 milhões de refugiados vivem atualmente na Turquia (Umit Bektas/Reuters)

Síria: 3,6 milhões de refugiados vivem atualmente na Turquia (Umit Bektas/Reuters)

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EFE

Publicado em 16 de setembro de 2019 às 16h33.

Ancara — Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e do Irã, Hassan Rohani, se reuniram pela quinta vez nesta segunda-feira para discutir o conflito armado da Síria, mas o encontro terminou sem acordo sobre a situação na província Idlib, o último reduto controlado pelos opositores de Bashar al Assad.

Em entrevista coletiva concedida depois da cúpula, Erdogan lamentou os mais de mil civis mortos na ofensiva de Assad contra a região desde abril e disse que um dos objetivos da reunião foi discutir medidas concretas para protegê-los.

Mas Putin lançou dúvidas sobre o alcance de um possível acordo de paz entre as partes ao destacar que o pacto negociado no ano passado para desmilitarizar a região não incluía grupos terroristas.

"A região é controlada por grupos conectados à Al Qaeda. Não nos podemos só olhando. Continuaremos apoiando o Exército da Síria na luta contra os terroristas", disse Putin.

Rohani acompanhou o presidente da Rússia ao afirmar que os terroristas em Idlib ganharam força nos últimos meses.

"O povo sírio está oprimido por terroristas há nove anos. Sabemos o país que os apoia e os arma. Devemos lutar contra os terroristas em Idlib e ajudar o governo da Síria", concluiu o presidente do Irã.

Erdogan dedicou a maior parte de sua entrevista para detalhar a proposta de criar uma região segura no nordeste da Síria, atualmente sobre o controle das Unidades de Proteção do Povo Sírio (YPG), uma milícia curdo-síria. Na área, ele quer colocar parte dos 3,6 milhões de refugiados que fugiram do conflito e hoje vivem na Turquia.

"Pensamos que pelo menos dois milhões de sírios do nosso país podem se estabelecer no 'corredor de paz' que estabeleceremos ao longo da fronteira. Podemos construir novos assentamentos. Se o corredor chegar até Al Raqaa, podem ser 3 milhões de pessoas ali", explicou.

Mas Rohani criticou de forma pouco velada a proposta de enviar refugiados sírios a regiões que ficam a centenas de quilômetros das áreas onde eles viviam anteriormente.

"Sabemos que os refugiados querem retornar às suas próprias casas. Há 40 anos, recebemos 3 milhões de afegãos. Todos querem voltar para casa, para seu próprio povo, e temos que ajudá-los nisso", ressaltou o presidente iraniano.

O presidente da Rússia também se mostrou pouco favorável à proposta de Erdogan.

"A região ao leste do (rio) Eufrates poderá ficar estável quando passar para o controle do governo da Síria", afirmou Putin.

Esta foi a quinta reunião trilateral entre Erdogan, Rohani e Putin. Rússia e Irã apoiam o governo de Assad, enquanto a Turquia dá suporte às milícias armadas que lutam contra o regime do presidente sírio.

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