Mundo

Rússia torce para que Sochi seja apenas uma grande festa

A Rússia cruza os dedos para que os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi sejam exclusivamente uma grande festa do esporte

Equipe brasileira de bobsleigh nas Olimpíadas de Inverno de Sochi: Rússia torce para que os jogos afugentem fantasmas do boicote político e as críticas de homofobia (Arnd Wiegmann/Reuters)

Equipe brasileira de bobsleigh nas Olimpíadas de Inverno de Sochi: Rússia torce para que os jogos afugentem fantasmas do boicote político e as críticas de homofobia (Arnd Wiegmann/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2014 às 10h23.

Moscou - A Rússia cruza os dedos nesta quinta-feira para que os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi sejam exclusivamente uma grande festa do esporte e afugentem os fantasmas do boicote político e as críticas de homofobia feitas por países do Ocidente.

"A Rússia está preparada para os Jogos. O principal objetivo é transformar os Jogos Olímpicos de Sochi em uma festa para todos os amantes do esporte no mundo", afirmou Vladimir Putin, presidente russo.

Putin dedicou grandes esforços durante as últimas semanas para garantir ao COI e à comunidade internacional que em Sochi está tudo sob controle e que não há nada para temer, nem do ponto de vista da segurança e nem desde o da discriminação de minorias.

"Quero assegurar que faremos tudo o que for possível para que Sochi seja um lugar hospitaleiro para todos os participantes e todos os convidados", disse.

Este país fez durante os últimos sete anos um esforço titânico para demonstrar ao mundo que é capaz de organizar uma Olimpíada, como fez a União Soviética em 1980, na cidade de Moscou.

O caminho não foi fácil, já que a organização de Sochi 2014 se viu envolvida em escândalos e, finalmente, o custo disparou desde os US$ 12 bilhões iniciais aos atuais US$ 50 bilhões.

Como exemplo, os anteriores Jogos de Inverno organizados pela cidade canadense de Vancouver saíram por US$ 8,3 bilhões, enquanto Sochi também supera Pequim (2008), cujo custo chegou a mais de US$ 42 bilhões.

Desde o início, a Rússia evitou os críticos e conseguiu transformar o principal balneário soviético e russo nas margens do Mar Negro em uma capital mundial do esporte de inverno.

A escassez de neve já não é um problema -há 16 milhões de metros cúbicos de neve armazenada-, as instalações esportivas estão prontas e as comunicações entre as montanhas e a vila olímpica são do mais alto nível.

Quase seis mil atletas de 88 países competirão durante as próximas duas semanas pelas 98 medalhas em jogo em modalidades como esqui alpino, hóquei sobre gelo, bobsled, biatlo e snowboard, entre outras.


No entanto, faltando pouco mais de 24 horas para a cerimônia de abertura, a atenção não está centrada no esporte, mas na lei aprovada na Rússia contra a propaganda homossexual, que levou muitos ativistas a pedir o boicote dos Jogos de Sochi.

"Não temos uma proibição sobre as relações sexuais não tradicionais. A proibição é sobre a propaganda do homossexualismo e a pedofilia", ressaltou Putin.

Ao contrário de Moscou 1980, nenhum país boicotou os Jogos, mas é verdade que vários líderes de países ocidentais como os presidentes dos EUA, Barack Obama, e França, Françoise Hollande, e o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, anunciaram publicamente que não irão aos Jogos de Putin.

Até o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou hoje em Sochi qualquer discriminação contra os homossexuais e pediu "vozes contra os ataques a lésbicas, gays, bissexuais e transexuais".

Enquanto, os presidentes da China, Xi Jinping, e Ucrânia, Viktor Yanukovich, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, confirmaram presença, da mesma forma que outros 50 chefes de Estado e de Governo, e várias famílias reais.

"Para os espectadores é mais importante que ganha que se (os esportistas) são homossexuais ou não. Aplaudiremos aos heterossexuais e aos homossexuais como em anteriores Jogos", disse Svetlana Zhurova, campeã olímpica de patinação de velocidade e prefeita da vila olímpica.

Alguns esportistas ocidentais homossexuais expressaram seu temor à discriminação durante sua estadia em território russo, e outros se mostraram dispostos a encenar seu apoio às minorias sexuais.

Insígnias, unhas, pulseiras e lenços com bandeiras arco-íris, símbolo do movimento homossexual, e o logo P6, em referência ao artigo 6 da Carta Olímpica que diz que a discriminação é incompatível com o movimento olímpico, são algumas das propostas mais populares entre os desportistas.

Ao respeito, o Governo russo lembrou hoje que o COI e a carta olímpica proíbem as ações ou manifestações políticas durante as competições esportivas.

Mas o presidente do comitê organizador, Dmitri Chernishenko, tranquilizou aos desportistas ao assegurar que não haverá sanções para aqueles que levem acessórios com o arco-íris.

Quanto à segurança dos Jogos, ameaçados pela guerrilha islamita do Cáucaso, o Kremlin assegura que está garantida com dezenas de milhares de policiais, navios de guerra, drones e baterias antiaéreas.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEsportesEuropaOlimpíadasOlimpíadas de InvernoPolíticosRússiaVladimir Putin

Mais de Mundo

Califórnia promete intervir se Trump eliminar incentivos fiscais a veículos elétricos

Trump diz que taxará produtos do México e Canadá assim que assumir a presidência

Mais de R$ 4,3 mil por pessoa: Margem Equatorial já aumenta pib per capita do Suriname

Nicarágua multará e fechará empresas que aplicarem sanções internacionais