Agência de Notícias
Publicado em 4 de julho de 2025 às 08h21.
A Rússia tem intensificado o uso de armas químicas em sua batalha contra a Ucrânia, conforme informações das agências de inteligência dos Países Baixos, divulgadas nesta sexta-feira, 4, pelo ministro de Defesa holandês, Ruben Brekelmans.
"Nossas agências de inteligência holandesas revelam: a Rússia está utilizando cada vez mais armas químicas na Ucrânia", afirmou Brekelmans por meio de uma mensagem nas redes sociais.
O ministro acrescentou que, além do gás lacrimogêneo, foi confirmado o uso de cloropicrina, um componente mais potente e proibido, ressaltando sua gravidade.
"Isso é inaceitável: mais sanções e isolamento da Rússia, mais apoio à Ucrânia!", declarou.
O ministro de Relações Exteriores dos Países Baixos, Caspar Veldkamp, também se manifestou por meio das redes sociais, afirmando que a Rússia "está utilizando cada vez mais armas químicas contra os soldados ucranianos".
"Uma maneira horrível de fazer a guerra e também um ato perigoso que ameaça reduzir o limite para o uso deste tipo de armas. Isso é inaceitável", completou.
Segundo Veldkamp, os Países Baixos vão abordar essa violação da Convenção sobre Armas Químicas durante a reunião do Conselho Executivo da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) que ocorrerá na próxima semana.
Veldkamp também informou que seu país compartilhará as conclusões dos seus serviços de inteligência durante essa reunião.
"É importante mostrar à comunidade internacional como a Rússia opera", concluiu.
A emissora pública neerlandesa NOS explicou que a cloropicrina é um gás tóxico, mais forte que o gás lacrimogêneo, letal em altas concentrações em ambientes confinados. Seu uso constitui uma violação da Convenção sobre Armas Químicas.
O gás foi amplamente utilizado na Primeira Guerra Mundial por britânicos, alemães e franceses. Também causa desconfortos físicos como náuseas e ardor nos olhos, obrigando os soldados a usarem máscara contra gás caso entrem em contato com ele.
A NOS ainda acrescentou que, conforme o Ministério da Defesa da Ucrânia, a substância foi usada em 9.000 ataques contra soldados ucranianos, resultando em pelo menos três mortes.
De acordo com as agências de inteligência dos Países Baixos, o uso de armas químicas tem causado mais vítimas ucranianas, uma vez que obriga muitos soldados a saírem de seus esconderijos e, consequentemente, serem mortos por outras armas.
A Rússia assinou a Convenção sobre Armas Químicas, que proíbe o uso ou armazenamento de armas químicas.
"Rússia está demonstrando que ignora todas as normas", disse Brekelmans à NOS, fazendo um apelo para evitar uma escalada "perigosa".
O ministro pediu um isolamento ainda maior da Rússia a nível internacional, ampliando os pacotes de sanções, e afirmou que "forneceremos apoio adicional à Ucrânia e instaremos outros a fazerem o mesmo".
Ele destacou que "não se deve normalizar o uso deste tipo de armas": "Se o limite para o uso de armas químicas for diminuído, isso representará um perigo não só para a Ucrânia, mas também para o resto da Europa e do mundo", apontou.
Os Países Baixos afirmam que a Rússia está investindo significativamente em seu programa de armas químicas e ampliando sua pesquisa sobre o tema, contratando novos cientistas.
Veldkamp também defendeu a introdução de novas sanções contra a Rússia.
"Já é possível ver que há mais ataques do que no ano passado e que a Rússia continua a lutar, apesar dos apelos de (Emmanuel) Macron e (Donald) Trump", disse, referindo-se às últimas conversas telefônicas entre os presidentes da França e dos Estados Unidos, respectivamente, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.