Moscou (Rússia) (Mahmud Turkia/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2011 às 10h26.
Moscou - A Rússia vive neste sábado dia de reflexão diante da eleição parlamentar de domingo, considerada um ensaio geral para as presidenciais de março de 2012, que parem com claro favorito a vitória: o partido governista Rússia Unida (RU).
Como estabelece a lei eleitoral, a partir da meia-noite fica proibida a propaganda eleitoral em todo o país.
'Não recebemos nenhuma informação que possa preocupar', declarou à imprensa o secretário da Comissão Eleitoral Central (CEC), Nikolai Konkin.
Quase 110 milhões de russos estão aptos a votar neste domingo para escolher os 450 membros da Duma, a Câmara Baixa do Parlamento, em um pleito em que pela primeira vez na história pós-soviética da Rússia participam todos os sete partidos políticos inscritos legalmente.
Os membros da Duma são eleitos por listas de partidos, que para ter distribuição proporcional das cadeiras precisam obter ao menos 7% dos votos emitidos. As formações que alcancem entre 5% e 7% dos votos terão direito a uma cadeira.
As pesquisas coincidem em que a RU, cuja lista lidera o presidente em fim de mandato, Dmitri Medvedev, conseguirá a maioria absoluta na Duma, mas perderá, no entanto, uma quantia importante de cadeiras e, com eles, a maioria qualificada de dois terços que se exige para aprovação de leis constitucionais.
Despontando como segunda força eleitoral, o Partido Comunista manterá e deve aumentar sua representação, assim como o ultranacionalista Partido Liberal Democrático e o social-democrata Rússia Justa.
Pelas pesquisas, os liberais Yabloko e Causa Justa, como a nacionalista Patriota da Rússia, ficam fora do arco parlamentar.
Apesar de ninguém duvidar da vitória da Rússia Unida, a grande intriga do pleito de domingo é quantas cadeiras perderá das 302 que têm a formação governista atualmente.
Desses resultados dependerá o futuro político de Medvedev, quem deseja ocupar o cargo de primeiro-ministro uma vez deixe o Kremlin e se o ex-presidente e atual chefe do Governo, Vladimir Putin, vencer as presidenciais de março de 2012.
A oposição denunciou inúmeras irregularidades durante a campanha eleitoral. 'Há crescentes sinais que no domingo haverá inúmeras irregularidades e que as autoridades preparam diferentes métodos de falsificação direta do pleito', afirmou à Agência Efe Andrey Yurevich, analista da ONG de defesa do direito ao voto Golos.
A diretora da ONG, Lilia Shibanova, foi detida nesta madrugada por horas na alfândega do aeroporto moscovita Sheremetevo na chegada a partir da Varsóvia.
Na véspera, um tribunal moscovita sentenciou Golos a pagar multa do equivalente a US$ 1 mil por publicar mais de 4,5 mil relatórios de supostas táticas ilegais nas campanhas prévias às eleições parlamentares deste domingo.
'Perseguir uma organização de observação eleitoral quando vai acontecer uma eleição não é correto. Serve somente para prejudicar nossa imagem', comentou a agência 'Interfax' o chefe da Comissão de Direitos Humanos adjunta ao Kremlin, Mikhail Fedotov.
Os mais de 96 mil colégios eleitorais distribuídos pelo país permanecerão em todo país abertos entre às 8h e às 20h, em um dia eleitoral de 21 horas devido ao fato de o território da Rússia abranger nove fusos horários.
Os primeiros colégios a receber eleitores serão os do extremo oriente da Rússia que abrirão as portas às 18h (de Brasília). Os últimos a fechar, às 15h (de Brasília) de domingo, serão os de Kaliningrado, enclave russo às margens do Mar Báltico.
Somente após o fechamento dos colégios de Kaliningrado serão divulgados os resultados das regiões mais orientais da Rússia, onde o dia de votação terá concluído nove horas antes.
Cerca de 700 observadores internacionais estão credenciados para as eleições de domingo, cuja segurança será garantida por 320 mil efetivos policiais.