Mundo

Rússia tacha de fantasia guerra do gás com Ocidente

Rússia tachou de fantasia política guerra do gás com o Ocidente após Barack Obama propor aumentar exportações de gás para satisfazer demanda da União Europeia

Vladimir Chizhov, embaixador russo na UE: "isto não é nem uma história para não dormir. Eu diria que é mais uma fantasia política" (Bloomberg via Getty Images)

Vladimir Chizhov, embaixador russo na UE: "isto não é nem uma história para não dormir. Eu diria que é mais uma fantasia política" (Bloomberg via Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de março de 2014 às 10h36.

Moscou - A Rússia tachou nesta quinta-feira de "fantasia política" uma possível guerra do gás com o Ocidente depois de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter proposto ontem aumentar suas exportações de gás para satisfazer a demanda da União Europeia (UE).

"Isto não é nem uma história para não dormir. Eu diria que é mais uma fantasia política", menosprezou Vladimir Chizhov, embaixador russo na UE, à agência "Interfax".

Chizhov ressaltou que a União renunciará ao gás natural em favor do gás de xisto só "dentro de 50 anos ou pode ser que dentro de 100".

"Os Estados Unidos apoiam politicamente à UE em sua aspiração de diversificar suas fontes de energia e reduzir a dependência da Rússia", apontou. Contudo, acrescentou, "isto não transforma o gás alternativo em mais rentável economicamente".

"Imagine uma quantidade qualquer de gás xisto no estado de Dakota do Norte bombardeada através de encanamentos a um terminal qualquer, transformada em gás liquidificado, transportada para algum ponto na Europa e devolvida de novo para seu estado gasoso. Quanto custará isto?", apontou.

Para ele, "custará se não várias vezes, pelo menos consideravelmente mais do que o gás da (a companhia gasístico russa) Gazprom, que já recebe tantas queixas de ser caro demais".

Chizhov destacou que, apesar da intenção da Europa de reduzir a dependência energética europeia da Rússia, em 2013 as exportações de gás à UE aumentaram 21% em relação ao ano anterior.


Durante sua visita ontem a Bruxelas, Obama se mostrou disposto a autorizar "a exportação diária de tanto gás natura quanto a Europa precisar diariamente", embora para isso, advertiu, seria preciso assinar um acordo comercial.

Obama ressaltou que a crise da Crimeia, cuja anexação pela Rússia foi condenada unanimemente pelo Ocidente, potencializou a necessidade dos parceiros europeus de diversificarem as fontes de energia.

"Trata-se de algo com que estamos muito comprometidos, porque é bom para a Europa e bom para os Estados Unidos. É algo que não ocorre da noite para o dia, mas (a crise russo-ucraniana) evidencia a necessidade que temos de atuar agora com sentido de urgência", disse.

O presidente da Comissão Europeia (CE), José Manuel Durão Barroso, por sua vez, disse que a Europa já tem projetos de diversificação de energia em andamento, mas qualificou de "boa notícia os EUA colocarem seu gás de xisto no mercado".

"É uma bênção para o mundo", acrescentou, já que dessa maneira há menos dependência da energia que vem de lugares "complicados", sem citar nominalmente a Rússia.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEstados Unidos (EUA)EuropaGásPaíses ricosRússiaUnião Europeia

Mais de Mundo

ONU registra mais 90 mil pessoas deslocadas no Líbano desde intensificação do conflito com Hezbollah

Incêndios no Equador obrigam ao menos 100 famílias a deixarem suas casas

Zelensky discursa na ONU para defender a causa da Ucrânia

Trump diz que há 'grandes ameaças' contra sua vida vindas do Irã