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Rússia suspende tratado de reconversão de plutônio com EUA

O presidente Vladimir Putin remeteu à Duma o projeto de suspensão no início de outubro, após acusar os EUA de descumprirem com o documento

Vladimir Putin: em abril deste ano, Putin acusou Washington de descumprir com esse tratado (Mikhail Klimentyev/AFP)

Vladimir Putin: em abril deste ano, Putin acusou Washington de descumprir com esse tratado (Mikhail Klimentyev/AFP)

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EFE

Publicado em 19 de outubro de 2016 às 10h33.

Moscou - A Duma, a Câmara dos Deputados da Rússia, suspendeu nesta quarta-feira o tratado com os Estados Unidos de reconversão de plutônio militar em combustível nuclear para uso pacífico como resposta às sanções adotadas por Washington.

"Os Estados Unidos realizam hoje uma política que transforma em utopia a esperança de retornar à cooperação neste assunto delicado", disse hoje Leonid Slutski, chefe do comitê de Assuntos Internacionais da Duma.

Todos os deputados presentes na Câmara do Legislativo russo votaram em favor de interromper o cumprimento desse tratado, com a exceção de um, que se absteve, segundo a imprensa local.

O presidente Vladimir Putin remeteu à Duma o projeto de suspensão no início de outubro, após acusar os EUA de descumprirem com o documento, que é parte do programa de desarmamento estratégico iniciado por ambos os países desde o fim da Guerra Fria.

"O importante é deixar claro aos Estados Unidos que sua política anti-russa é, para nós, absolutamente inaceitável", ressaltou Sergei Ryabkov, vice-ministro de Relações Exteriores.

Ao apresentar o projeto aos deputados, o diplomata lembrou que a Rússia já havia informado aos Estados Unidos sobre suas reivindicações para retornar ao tratado, mas admitiu imediatamente que "está claro" que Washington não as atenderá.

Ryabkov se referia, entre outras coisas, à exigência de suspender as sanções, compensar a Rússia pelas perdas causadas e retirar as tropas e o armamento que os Estados Unidos posicionaram nos países da Europa do Leste que entraram na Otan a partir deste século.

O tratado foi assinado há 15 anos e determinava que os dois países deveriam reconverter 34 toneladas de plutônio militar utilizado na fabricação de bombas atômicas em combustível de uso pacífico MOX, uma mistura de óxido de urânio e óxido de plutônio.

Em abril deste ano, Putin acusou Washington de descumprir com esse tratado ao renunciar à reconversão do material radioativo para optar por sua reciclagem, o que lhe permitiria recuperar o plutônio para uso militar.

"Acordamos que esse material seria destruído de uma maneira industrial", mediante sua reconversão, "para o que era necessário construir indústrias especiais. Agora, eles anunciam que vão destruí-lo de outra maneira, mediante sua dissolução e conservação", denunciou então o chefe do Kremlin.

Recentemente, o último dirigente soviético, Mikhail Gorbachev, pediu aos líderes dos dois países que renunciassem ao antagonismo e voltassem a dialogar em todos os âmbitos, mas, sobretudo, no que corresponde à não proliferação nuclear.

Há uma semana completaram 30 anos do histórico encontro entre Gorbachev e o líder dos Estados Unidos, Ronald Reagan, em Reykjavik (Islândia), que assentou as bases para o início do processo de desarmamento nuclear entre as duas potências.

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