Anéis olímpicos no aeroporto de Sochi, cidade-sede da Olimpíada de Inverno de 2014 (Alexander Demianchuk/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2013 às 13h36.
Sochi - Passe pelo escaneador de metais no momento da chegada na estação de Sochi, na Rússia, ou observe os soldados patrulhando as ruas da cidade, que sediará a Olimpíada de Inverno de 2014, e você saberá que não foi preciso ter ocorrido o atentado na Maratona de Boston para os organizadores do evento estarem alertas para dois fatos: Primeiro, um grande evento esportivo se torna um alvo para o terrorismo; segundo, os chechenos e outros povos muçulmanos das turbulentas províncias russas na região do Cáucaso, ao redor de Sochi, nutrem profundo ressentimento por injustiças ao longo da história, os quais representam um risco constante de violência.
Nos seis anos desde que conquistou o direito de sediar os Jogos, em fevereiro de 2014, a Rússia mostrou determinação para proteger os atletas, os espectadores e a própria imagem internacional de qualquer forma de ataque.
O país também se empenhou em construir os grandes espaços onde serão realizadas as competições no gelo, em fase de conclusão, nas colinas perto do local preferido do presidente russo, Vladimir Putin, para passar as férias, no Mar Negro.
Mas trazer os Jogos para o Cáucaso lançou ao evento uma nova dimensão do perigo. Os antigos ressentimentos étnicos e religiosos da região ajudaram a moldar o caráter dos irmãos Tsarnaev, os chechenos acusados do atentado na semana passada em Boston, a cidade que haviam adotado para viver.
Como disse Yegor Engelhard, um analista independente de segurança de Moscou, "é quase como ter os Jogos Olímpicos em Beirute".
Em uma área onde muito sangue foi derramado por questões de identidade e história, desde o colapso do comunismo soviético, não deixou de chamar a atenção um local-chave: Krasnaya Polyana. É aí que os exércitos do Czar anunciaram a vitória final, após meio século de guerra para conquistar o Cáucaso muçulmano, que completará 150 anos em 2014.
Desde que palestinos fizeram atletas israelenses reféns nas Olimpíadas de Munique, em 1972, os anfitriões de eventos esportivos têm dedicado vastos recursos à segurança.
Em geral, os locais remotos das competições de inverno representam menos dores de cabeça do que os lugares dos jogos de verão, como o último, em Londres, uma metrópole aberta submetida a vigilância intensa, incluindo mísseis antiaéreos posicionados em blocos de apartamentos.
Mas o governo russo não está adotando meias medidas em Sochi e os funcionários acreditam estar fazendo o suficiente para manter a segurança dos Jogos, bem antes de a Maratona de Boston se tornar um lembrete dos riscos de tais eventos.
"Nós não estamos tomando medidas especiais por causa do que aconteceu em Boston, mas estamos olhando para um conjunto de ameaças potenciais", disse o porta-voz do Ministério do Interior russo, Andrei Pilipchuk. "Estamos realizando testes todos os anos para melhorar a nossa forma de combatê-las." Um perito independente em insurgência no Cáucaso do Norte, Murad Batal al-Shishani, baseado em Londres, disse que as agências russas, as quais nem sempre estiveram bem coordenadas nos últimos tempos, já devem estar bem preparadas para as ameaças que podem enfrentar.
"As autoridades russas tiveram tempo suficiente para tomar medidas de segurança, portanto, um ataque será um... desafio."