Nord Stream: Está funcionando", declarou um porta-voz da sociedade Nord Stream no início da manhã (Stefan Sauer/picture alliance via/Getty Images)
AFP
Publicado em 21 de julho de 2022 às 07h42.
Última atualização em 21 de julho de 2022 às 11h08.
A Rússia reabriu, nesta quinta-feira (21), o fluxo de gás para a Europa após uma suspensão das operações do gasoduto Nord Stream, mas Moscou mantém em mãos uma "arma" da qual a segurança energética da UE depende para enfrentar o próximo inverno.
"Está funcionando", declarou à AFP um porta-voz da sociedade Nord Stream no início da manhã.
Segundo os primeiros dados publicados pela operadora alemã desta rede, a Gascade, o fluxo equivale ao que este gasoduto registrava antes da suspensão das operações para manutenção, que corresponde a 40% de sua capacidade.
A guerra na Ucrânia gerou uma disputa entre a Rússia e os países ocidentais que impuseram uma onda de sanções a Moscou. A Rússia culpou os ocidentais pelos problemas técnicos no fornecimento de gás para a Europa.
"São as restrições que impedem o conserto dos equipamentos, especialmente das turbinas em estações de compressão", disse o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov, nesta quinta-feira. Ele também descreveu como "completamente falsas" as acusações contra Moscou de "chantagem" com o gás.
Na quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, denunciou que a Rússia "está usando o gás como arma".
Após dez dias da manutenção anual deste gasoduto, que liga os campos da Sibéria ao norte da Alemanha, a Europa temia que a gigante da energia Gazprom fechasse a torneira permanentemente.
Cerca de 29 GWh de gás foram enviados na segunda hora desde que o gasoduto voltou a funcionar para a estação alemã de Greifswald, no Mar Báltico.
Klaus Muller, diretor da entidade que regula a energia na Alemanha, a Agência Federal de Redes, confirmou que a vazão está em torno de 40% de sua capacidade.
"Incerteza política e uma redução de 60% (na oferta) desde meados de junho infelizmente persistem", disse ele no Twitter.
A Gazprom reduziu sua capacidade de fornecimento através do Nord Stream para 40% em meados de junho, argumentando que uma turbina estava em manutenção no Canadá. A gigante russa afirmou que não poderia garantir a retomada do fornecimento pelo gasoduto devido à ausência da turbina, necessária para o funcionamento de uma estação de compressão.
Este gasoduto fornece cerca de um terço do gás que a União Europeia (UE) compra anualmente. Depois de chegar à Alemanha, que é seu principal cliente e um país altamente dependente da energia russa, o gás é exportado para outros países.
Funcionar com 40% da capacidade do Nord Stream implica um risco de que o abastecimento seja insuficiente para empresas e indivíduos nos meses de inverno.
Para evitar uma grande crise, a Comissão Europeia propôs na quarta-feira um plano para reduzir a demanda do gás em 15% a curto prazo. Essa proposta, que deve ser debatida pelos países membros, levaria a limitar o aquecimento de alguns edifícios, adiar o encerramento de centrais nucleares e incentivar as empresas a reduzirem as suas necessidades.
O presidente russo Vladimir Putin, que antecipou que o gasoduto poderia retomar suas atividades nesta quinta-feira, deu a entender que o Nord Stream poderia operar com 20% de sua capacidade na próxima semana. Putin alegou que uma segunda turbina também entrará em manutenção no final de julho.
A Alemanha considera que as entregas de gás tomaram um rumo "político" e que o problema das turbinas é um "pretexto".
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