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Rússia rejeita projeto de resolução sobre ataque químico na Síria

Para a porta-voz da chancelaria russa, o defeito do projeto está em antecipar os resultados da investigação e repentinamente apontar culpados

Ataque químico: pelo menos 72 pessoas morreram no ataque nesta terça-feira (4) (Ferhat Dervisoglu/Reuters)

Ataque químico: pelo menos 72 pessoas morreram no ataque nesta terça-feira (4) (Ferhat Dervisoglu/Reuters)

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EFE

Publicado em 5 de abril de 2017 às 12h34.

Moscou - A Rússia rejeitou nesta quarta-feira o projeto ocidental de resolução apresentado no Conselho de Segurança da ONU que condena o suposto ataque químico perpetrado no norte da Síria, no qual morreram pelo menos 72 pessoas.

"O texto apresentado é categoricamente inaceitável. Seu defeito está em antecipar os resultados da investigação e repentinamente apontar culpados", declarou Maria Zakharova, porta-voz da Chancelaria russa, em entrevista coletiva.

A diplomata garantiu que o projeto tem "um claro caráter anti-sírio" e ressaltou que "seu objetivo é dificultar e fazer praticamente impossível avançar no processo de negociação" para a resolução do conflito no país árabe.

"O projeto foi preparado o mais rápido possível. Se caracteriza por sua negligência. Colocar no Conselho de Segurança esse texto é simplesmente indecente", disse.

Zakharova acusou Estados Unidos, França e Reino Unido de se basearem em informações falsas para propor a resolução, e colocou em dúvida a veracidade dos vídeos sobre o ataque publicados por veículos de comunicação ocidentais.

"As resoluções aprovadas anteriormente são totalmente suficientes para a investigação desse incidente. Se algum dos membros do Conselho de Segurança acredita ser desejável, necessária e oportuna uma nova resolução, deve ser totalmente diferente", disse.

Ao mesmo tempo, a porta-voz pediu que seja permitido o acesso dos especialistas da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) ao local do ataque na província de Idlib.

"Com uma condição indispensável: a composição de dita missão de investigação deve ser submetida ao Conselho de Segurança da ONU e deve ter um caráter geográfico equilibrado", disse Zakharova, em alusão à procedência dos membros da missão.

A diplomata reconheceu que é necessário realizar "uma investigação completa a fim de esclarecer o que realmente aconteceu e quem deve ser responsabilizado".

"Também seria preciso condenar qualquer uso de armas químicas", acrescentou.

O texto ocidental condena o ataque na cidade síria de Khan Sheikhoun, pede à OPAQ que relate rapidamente sobre sua investigação do fato e exige às autoridades sírias que colaborem com os especialistas internacionais.

As potências ocidentais não hesitaram em responsabilizar o regime sírio de Bashar al Assad pelo ataque, enquanto o presidente americano, Donald Trump, falou de um provável "crime de guerra" e afirmou que Rússia e Irã, como fiadores do cessar-fogo na Síria, são responsáveis morais do incidente.

O Kremlin garantiu hoje que continua apoiando o exército sírio em sua luta contra o terrorismo, apesar das acusações ao regime sírio em relação ao ataque químico.

Por sua vez, o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, o general Igor Konashenkov, afirmou nesta quarta-feira que a aviação síria bombardeou ontem durante uma hora um depósito de armas dos insurgentes que abrigava uma oficina para a produção de armas "tóxicas" destinadas ao Iraque.

"A partir deste enorme arsenal de armas químicas os combatentes as enviavam ao território do Iraque. Sua utilização pelos terroristas foi demonstrada tanto pelas organizações internacionais como pelo governo iraquiano", disse Konashenkov.

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