Moscou - O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, anunciou nesta terça-feira planos para reforçar a presença militar russa na península da Crimeia, devido ao conflito na Ucrânia e ao aumento do desdobramento de forças estrangeiras perto da fronteira nacional.
"Desde o início do ano, a situação político-militar no sudoeste mudou drasticamente. Agora, uma das prioridades será desdobrar um contingente militar autônomo no lado crimeano", disse às agências locais.
Shoigu explicou que as razões para o aumento da presença militar são, em grande parte, internas, "pela ampliação do território do distrito militar sul após a entrada da Crimeia na Rússia" em março, mas também externas.
"Além disso, a situação na Ucrânia se radicalizou consideravelmente, uma vez que aumentou a presença militar estrangeira perto de nossas fronteiras", explicou.
O ministro se referia à decisão da Otan de reforçar a presença no Leste Europeu, no Báltico e no Mar Negro após a anexação da Crimeia pela Rússia e devido ao papel de Moscou no conflito entre forças governamentais e rebeldes pró-Rússia no leste da Ucrânia.
"Tal situação nos obrigou a introduzir mudanças concretas no trabalho diário do comando do distrito. O objetivo é garantir a segurança da Federação Russa no território do ente federado da Crimeia", ressaltou Shoigu.
Recentemente, Sergei Meniailo, governador de Sebastopol, porto que acolhe a frota russa do Mar Negro na Crimeia, garantiu que um esquadrão de caças Su-30 já se encontra estacionado no aeroporto de Belbek, antiga base ucraniana.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou o Ocidente de utilizar a crise no leste da Ucrânia para reanimar a Aliança Atlântica e ampliar as forças da Otan na Europa Oriental.
"A crise da Ucrânia, que foi, certamente, provocada e criada por alguns de nossos parceiros, agora é utilizada para a reanimação de seu bloco militar", afirmou.
Para o embaixador russo na Otan, Aleksandr Grushko, a decisão de criar forças de reação rápida como elemento de dissuasão contra a Rússia é um fator mais desestabilizador que a presença permanente de tropas aliadas no Báltico e no Mar Negro.
Para a Rússia, a Otan optou por reviver o espírito da Guerra Fria, já que encontrou de novo sua razão de ser no antagonismo com a Rússia.
O secretário-geral aliado, Anders Fogh Rasmussen, disse nesta terça que a Otan não reconhece as eleições locais do último domingo na Crimeia e Sebastopol e lembrou à Rússia que a anexação desses territórios ucranianos é "ilegal e ilegítima".
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1. Vida nova com Vladimir Putin
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1/13 (REUTERS/Thomas Peter)
São Paulo – Depois de um polêmico referendo, a região da
Crimeia é, para todos os efeitos, parte da
Rússia. Assim, saem as leis ucranianas e entram as leis russas. Não são apenas bandeiras e simbolismos que irão mudar na vida das 2,5 milhões de pessoas que ali vivem. Algumas leis mudarão pequenas coisas. Outras, trarão para a Crimeia grandes mudanças – a mentalidade radical e conservadora na Rússia de
Vladimir Putin. Conheça a seguir 11 dessas leis:
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2. 1. A lei contra a "propaganda gay" passará a valer
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2/13 (REUTERS/Neil Hall)
O povo da Crimeia se submeterá a uma recente - e polêmica - lei russa, que proíbe a "propaganda gay". Um casal gay se beijando em público se encaixaria na lista de práticas ilegais, por exemplo. A Ucrânia já tinha uma lei similar, mas ainda estava em análise no Parlamento.
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3. 2. Novo fuso horário
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3/13 (Artur Bainozarov/Reuters)
A Crimeia passará a adotar os fusos horários de Moscou. Assim, colocará a Crimeia duas horas na frente da Ucrânia em boa parte do ano; e três horas na frente em alguns meses do ano.
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4. 3. Visto será obrigatório para estrangeiros
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4/13 (Vasily Fedosenko/Reuters)
Nos últimos anos, a Ucrânia não pedia vistos de turistas internacionais da maioria das nações desenvolvidas. Isso deu um impulso para a economia local. Já a Rússia faz questão de exigir o visto e os obriga a passar por um burocrático e longo processo de requerimento. A nova política linha-dura deve afastar muitos turistas europeus da região.
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5. 4. Sem bebida depois das 23h
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5/13 (David Mdzinarishvili/AFP)
Desde 2013, os russos não podem comprar bebidas alcoolicas nas lojas depois das 23h, em uma tentativa de diminuir os casos de alcoolismo e abuso de bebida. Na Ucrânia, não havia restrições do tipo.
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6. 5. Exames universitários? Só se falar russo
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6/13 (Andrey Smirnov/AFP)
Na Ucrânia, onde várias línguas são faladas - ucraniano, língua tártara, russo - os exames para entrar nas universidades permitem diferentes expressões. Na Rússia, onde também há diversas línguas, as universidades aceitam apenas o russo. É o que deve acontecer na Crimeia (onde se fala russo, principalmente, mas também ucraniano e língua tártara)
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7. 6. O serviço militar será obrigatório
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7/13 (Baz Ratner/Reuters)
Desde 2013, a Ucrânia não exigia mais o serviço militar de seus cidadãos. Na Rússia, ele continua obrigatório. Para os jovens da Crimeia que não esperavam servir, o futuro agora é certo: alistamento. E para defender a Rússia, não a Ucrânia.
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8. 7. Para comprar um chip de celular, mostre o passaporte
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8/13 (Photobucket / meme_168)
Para comprar um simples chip SIM de celular na Rússia, exige-se o passaporte. Assim será na nova Crimeia. Antes de cair, o presidente ucraniano Viktor Yanukovych tentou criar a mesma lei no país - uma maneira de controlar e vigiar mais facilmente a população e os manifestante.
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9. 8. Problemas para combater a Aids
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9/13 (Marcelo Camargo/ABr)
Desde o fim da União Soviética, russos e ucranianos viveram um rápido crescimento de casos de Aids - principalmente, por conta do uso de drogas injetáveis. Na Ucrânia, medidas do governo ajudaram a controlar a epidemia. Na Rússia, os esforços contra a doença nunca foram tão intensos. O combate à doença na Crimeia pode piorar se as medidas e campanhas de saúde russas passarem a vigorar.
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10. 9. Nova moeda
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10/13 (REUTERS/Vasily Fedosenko)
A Crimeia usava a moeda ucraniana, o hryvnia. Agora, usará o rublo, a moeda russa. Líderes da Crimeia estão planejando um período de transição, com as duas moedas sendo aceitas.
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11. 10. ONGs locais perderão força
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11/13 (AFP/Getty Images)
Em 2012, a Rússia fechou a torneira de fundos das ONGs locais. Putin aprovou uma lei que submetia as organizações a um rigoroso processo de investigação para liberar verbas. Na realidade, era uma maneira de descobrir o que Putin chamada de "agentes estrangeiros" - espiões. O ex-presidente ucraniano Yanukovych tentou criar lei semelhante, sem sucesso. Agora, as ONGs da Crimeia passarão pelo pente fino russo.
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12. 11. A internet será censurada
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12/13 (Getty Images)
Na Rússia, há uma lista de sites proibidos desde 2012. Sites que não podem ser acessados de dentro do país. Segundo o governo, estão bloqueados sites de pornografia infantil, drogas e suicídio. Na realidade, a medida serve para bloquear sites de oposição ao governo. Agora o povo da Crimeia também não poderá acessar determinados sites.
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13. Agora veja quem poderia entrar em uma briga com a Rússia
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13/13 (REUTERS/Baz Ratner)