Kofi Annan com Bashar al-Assad em Damasco, Síria (Sana/Divulgação/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de julho de 2012 às 15h21.
Moscou - A Rússia disse na sexta-feira que pedirá que o enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan trabalhe mais de perto com a oposição síria nas conversas em Moscou na semana que vem e defendeu a abertura de um inquérito sobre um massacre na Síria.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou que o massacre serviu aos interesses das pessoas que querem um conflito sectário na Síria, mas não apontou diretamente culpados. Fontes da oposição afirmaram que cerca de 220 pessoas foram mortas.
A Rússia tem defendido o presidente Bashar al-Assad no Conselho de Segurança da ONU desde o início do levante na Síria, há 16 meses, mas recebeu um pedido da oposição síria para que faça mais esta semana, nas negociações em Moscou, para pôr fim à violência.
O porta-voz de Annan em Genebra afirmou que o enviado espera se encontrar com o presidente Vladimir Putin em Moscou na segunda-feira e uma fonte do ministério russo disse à agência de notícias RIA que Annan conversará sobre a crise com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.
"Para ser franco, não consideramos nossos parceiros prontos (como a Rússia) para trabalhar com a oposição, e Kofi Annan é o principal mediador desse processo", disse o ministro adjunto das Relações Exteriores russo, Gennady Gatilov, segundo a Interfax.
"Infelizmente, até agora não vimos nenhum resultado prático dele e do contato de sua equipe com a oposição", afirmou ele.
Não estava claro qual mensagem a Rússia queria que Annan levasse à oposição, com a qual Moscou não conseguiu chegar a um acordo sobre como resolver a crise, especialmente porque a oposição insiste que a saída de Assad seja uma pré-condição para o diálogo político na Síria.
Os líderes da oposição síria deixaram Moscou esta semana afirmando que a política russa ajuda a prolongar a violência e o governo da Rússia afirmou que os dois lados do conflito precisam trabalhar para encerrá-lo.
O comunicado do Ministério das Relações Exteriores russo não deu nenhuma indicação direta de quem ele responsabiliza pelo massacre em um vilarejo na região rebelde de Hama, na Síria.
"Não temos dúvida de que isso serve aos interesses das forças que não estão em busca da paz, mas procuram insistentemente semear o conflito civil e interconfessional no solo sírio", afirmou.
A Rússia enviou sinais contraditórios, segundo diplomatas estrangeiros, que podem indicar uma mudança, mas nenhuma grande guinada por enquanto, em sua posição, enquanto busca tenta manter sua influência no país do Oriente Médio, caso seu aliado Assad deixe o poder.
Moscou afirmou na quinta-feira que não concorda com a ameaça de impor sanções para acabar com o conflito na Síria, enquanto o Conselho de Segurança da ONU deu início às negociações sobre uma resolução para estender uma missão de monitoramento na Síria.