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Rússia exige garantias de que Ucrânia não será aceita na Otan

A exigência da Rússia já foi rejeitada pelos EUA, pela Otan e pelo governo ucraniano. Jens Stoltenberg, secretário-geral da aliança atlântica, disse ontem que a posição da organização permanece a mesma

O presidente russo, Vladimir Putin, pretende apresentar uma proposta de pacto formal com a Otan para impedir a expansão da aliança militar ocidental (Sputnik/Aleksey Nikolskyi/Kremlin/Reuters)

O presidente russo, Vladimir Putin, pretende apresentar uma proposta de pacto formal com a Otan para impedir a expansão da aliança militar ocidental (Sputnik/Aleksey Nikolskyi/Kremlin/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de dezembro de 2021 às 08h42.

Última atualização em 11 de dezembro de 2021 às 09h27.

O Kremlin exigiu nesta sexta, 10, que a Otan volte atrás na promessa feita em 2008 de aceitar eventualmente a adesão de Ucrânia e Geórgia - duas ex-repúblicas soviéticas. O vice-chanceler russo, Serguei Ryabkov, pediu também garantias de que a aliança atlântica não envie armas para países que fazem fronteira com a Rússia. Na quinta-feira, 9, ele já havia declarado que a tensão na Ucrânia é o pior impasse militar desde a Crise dos Mísseis em Cuba, em 1962.

O presidente russo, Vladimir Putin, pretende apresentar uma proposta de pacto formal com a Otan para impedir a expansão da aliança militar ocidental. Ontem, Ryabkov alertou que a ausência de um acordo pode provocar um grave confronto dos russos contra forças americanas e europeias. "Esse comportamento irresponsável cria ameaças inaceitáveis à nossa segurança e provoca sérios riscos militares para todas as partes envolvidas, até o ponto de um conflito em grande escala na Europa", disse o vice-chanceler.

Rejeição

A exigência da Rússia já foi rejeitada pelos EUA, pela Otan e pelo governo ucraniano. Jens Stoltenberg, secretário-geral da aliança atlântica, disse ontem que a posição da organização permanece a mesma. "É um princípio fundamental que cada nação tem o direito de escolher seu próprio caminho, incluindo o tipo de acordo de segurança do qual deseja fazer parte", afirmou.

Marta Dassu, ex-vice-chanceler da Itália, afirmou ser impossível aceitar explicitamente a proposta de Putin para que a possibilidade de adesão da Ucrânia seja descartada. "Por fim, o que resta é tentar desenvolver a dissuasão militar. Mas só o que se pode fazer é apelar para mais sanções econômicas, e provavelmente isso não é suficiente", disse.

A crise na Ucrânia é um conflito criado por Putin para evitar o avanço da Otan na direção de ex-repúblicas soviéticas, o que deixaria a Rússia mais vulnerável a qualquer operação militar em suas fronteiras. A disputa com os ucranianos é antiga, mas esquentou em 2014, quando forças russas anexaram a Península da Crimeia, garantindo domínio do Porto de Sebastopol e acesso ao Mar Negro.

Na época, os EUA e a UE responderam com sanções contra indivíduos e organizações russas, incluindo o congelamento de bens e proibição de viagens. Putin não se comoveu. Um mês depois milícias separatistas apoiadas pela Rússia iniciaram uma guerra civil nas regiões de Donetsk e Luhansk, na bacia do Rio Donets.

Geórgia

Com isso, a Rússia praticamente repetiu a fórmula adotada na Geórgia, criando territórios autônomos leais a Moscou dentro de uma ex-república soviética, minando a estabilidade e aumentando a influência russa.

Na Geórgia, esse papel de "província rebelde" é exercido pela Abkházia e pela Ossétia do Sul, duas regiões independentes, de acordo com o Kremlin, mas que não são reconhecidas por quase ninguém - exceto pelos governos de Nicarágua, Venezuela e Síria.

Para manter pressão sobre o Ocidente, segundo agências de inteligência dos EUA, Putin teria feito planos para atacar a Ucrânia no início de 2022 e seria capaz de mobilizar 175 mil soldados - boa parte já estaria posicionada na fronteira. A Rússia nega e diz que a movimentação é parte de um exercício militar de rotina.

"Este é o trabalho da vida de Putin. Tudo o que ele fez como presidente foi para combater a expansão da Otan", disse a analista Tatiana Stanovaya, fundadora da consultoria política R. Politik ao jornal Financial Times. "Para ele, é agora ou nunca." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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