Mundo

Rússia envia petroleiro à China através do Ártico

Aquecimento global permitiu testar pela primeira vez a rota alternativa para a Ásia

A rota pelo Oceano Ártico é de 13 mil km, mais curta que a rota tradicional (AFP/slim allagui)

A rota pelo Oceano Ártico é de 13 mil km, mais curta que a rota tradicional (AFP/slim allagui)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Moscou - A Rússia deixou claras suas ambições para a região do pólo Norte, ao enviar, pela primeira vez, um petroleiro para a China através do oceano Ártico, uma estratégica rota comercial para a Ásia, que pode tornar-se viável com o aquecimento global.

O navio "Baltika", precedido pelo quebra-gelos a propulsão nuclear "Taimyr" e "Rossia", partiram do porto de Murmansk (noroeste), em meados de agosto, nesta viagem experimental para determinar a rentabilidade desta via marítima.

"O objetivo da viagem é determinar a factibilidade do transporte de hidrocarbonetos de forma regular, segura e economicamente viável através da via marítima do norte para os mercados do sudeste asiático", informou em seu portal na internet a companhia Sovkomflot, proprietária do "Baltika".

A empresa informou que esta rota para a Ásia é mais difícil que a passagem tradicional pelo canal de Suez por causa do gelo e de suas águas pouco profundas. Ao contrário, a via marítima norte é muito mais curta: 13.000 km contra 22.200 km.

Impraticável durante séculos, o desenvolvimento de uma rota ártica é facilitada agora pelo derretimento do gelo polar por causa do aquecimento global.

Os bancos de gelo podem desaparecer completamente durante o verão por volta de 2050, algo que revolucionaria o transporte marítimo internacional.

A Rússia tem feito do desenvolvimento do Ártico uma prioridade estratégica, já que quer se apropriar dos imensos recursos naturais que supostamente a região tem e abrir uma nova rota comercial que o país controlaria.

O Ártico teria 13% das reservas de petróleo e 30% das reservas de gás não descobertas do planeta.

"Nosso governo entende perfeitamente as perspectivas da via marítima do norte como corredor de trânsito e fixou seu desenvolvimento como meta", afirmou o vice-diretor da Sovkomflot, Igor Pankov.


A presidência russa adota desde 2008 uma estratégia para transformar a Rússia na "principal potência do Ártico" em 2020.

O documento prevê "a utilização efetiva das vias aérea e marítima de trânsito transpolar para a navegação internacional", com a adoção de uma regulamentação "alfandegária e fiscal".

A via marítima permitiria à Rússia chegar com maior rapidez aos mercados asiáticos em plena expansão e muito demandantes de combustíveis, e também faria das águas territoriais russas uma grande fonte de renda fiscal.

A Rússia já impõe uma taxa às companhias estrangeiras, cujos aviões sobrevoam a Sibéria na rota Europa-Ásia.

Entre 2011 e 2015, é preciso garantir "as vantagens competitivas da Rússia em termos de produção e transporte de recursos naturais", determina a estratégia de Moscou.

A Rússia já reivindica uma ampliação de sua zona econômica, afirmando que a chamada Dorsal de Lomonosov, cadeia de montanhas submarina, é a extensão de sua plataforma continental.

A corrida ao Ártico inclui, ainda, outros países com territórios ou fronteiras na região: Estados Unidos, Canadá, Dinamarca (através da Groenlândia) e Noruega.

Para materializar suas reivindicações, a Rússia fincou sua bandeira a 4.000 metros de profundidade sob o Pólo Norte no verão de 2007.

Leia mais de petróleo

Siga as últimas notícias de Meio Ambiente e Energia no Twitter 

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaEnergiaEuropaOceanosPetróleoRússia

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'