Moscou - Rússia e Ucrânia suspenderam nesta quarta-feira o acordo de livre-comércio que os unia desde outubro de 2011, e agora os dois países elevarão suas tarifas de importação e exportação, medida que será acompanhada de um embargo alimentar mútuo.

O presidente russo, Vladimir Putin, promulgou hoje a lei que suspenderá a partir de 1º de janeiro de 2016 a aplicação do acordo para a criação de uma zona de livre-comércio com a Ucrânia dentro da pós-soviética Comunidade dos Estados Independentes.

A Rússia tinha advertido que anularia as preferências comerciais com a Ucrânia se o país e a União Europeia não levassem em conta suas preocupações em seu Acordo de Associação bilateral.

O governo russo garantiu que o objetivo da medida é impedir a entrada na Rússia de produtos baratos de países comunitários com etiquetas ucranianas, e tinha exigido que Kiev e Bruxelas chegassem a um acordo juridicamente vinculativo para proteger seu mercado.

Além disso, a Rússia imporá a Kiev um embargo alimentar em represália por sua decisão de aderir às sanções econômicas ocidentais tomadas após a anexação russa da península ucraniana da Crimeia e a ingerência nos assuntos ucranianos.

Em resposta, o governo ucraniano anunciou hoje que a partir de 2 de janeiro entrará em vigor a sua decisão de suspender o acordo de livre-comércio com a Rússia, que havia sido autorizado ontem pelo presidente, Petro Poroshenko.

O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, havia dito ontem que seu Executivo tomaria contramedidas de resposta, que serão "simétricas" às russas, e por isso a Ucrânia também proibirá, a partir de 10 de janeiro, a importação de produtos russos.

Entre os produtos afetados pelo embargo estão: carne, peixe, produtos lácteos, café, chá, alimentos infantis, confeitaria, massas, molhos, especiarias, álcool, cerveja, vodca, alimentos para cachorros e tabaco.

Nessa guerra comercial, o governo ucraniano também decidiu impor um bloqueio comercial à Crimeia, península que não está fisicamente unida ao resto da Federação Russa, o que a faz depender ainda em grande medida das provisões da Ucrânia.

A Rússia decidiu denunciar a Ucrânia nos tribunais internacionais pela falta de pagamento de uma dívida de mais de US$ 3 bilhões de um crédito concedido em 2013.