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Rússia e China vetam projeto de sanções contra Síria

A resolução teria colocado 11 sírios e 10 entidades em uma lista negra de sanções da ONU por ataques químicos feitos em 2014 e 2015

Síria: as resoluções da ONU precisam de nove votos a favor e nenhum veto para serem adotadas (David Silverman/Getty Images)

Síria: as resoluções da ONU precisam de nove votos a favor e nenhum veto para serem adotadas (David Silverman/Getty Images)

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AFP

Publicado em 1 de março de 2017 às 09h05.

Última atualização em 1 de março de 2017 às 09h05.

A Rússia e a China vetaram nesta terça-feira um projeto de resolução da ONU promovido por Estados Unidos, Reino Unido e França para impor sanções à Síria pelos ataques com armas químicas de 2014 e 2015.

O bloqueio coincide com a dificuldade enfrentada pela ONU para levar adiante as negociações de paz em Genebra após seis anos de conflito.

A proposta de resolução, elaborada por Reino Unido, França e Estados Unidos, que pretendia impor sanções a 11 cidadãos sírios e 10 entidades, recebeu nove votos a favor no Conselho de Segurança, enquanto três países se opuseram a ela - China, Rússia e Bolívia. O Cazaquistão, a Etiópia e o Egito se abstiveram.

As resoluções da ONU precisam de nove votos a favor e nenhum veto para serem adotadas.

Foi a sétima vez que Moscou bloqueou uma resolução para proteger Damasco, sua aliada no Oriente Médio. A China, membro permanente do Conselho - como a Rússia - o fez em seis ocasiões.

O presidente russo, Vladimir Putin, havia advertido que impor sanções contra a Síria durante as negociações de paz em Genebra era "completamente inapropriado" e prejudicaria o esforço para acabar com os quase seis anos de conflito.

"Esta resolução é muito apropriada", disse a embaixadora dos Estados Unidos, Nikki Haley, ao Conselho depois que a medida foi derrotada na votação.

"É um dia triste no Conselho de Segurança, quando os membros começam a dar desculpas para outros Estados-membros que estão matando seu próprio povo", acrescentou. "O mundo é definitivamente um lugar mais perigoso".

"Momento da verdade"

A resolução teria colocado 11 sírios, em sua maioria comandantes militares, e 10 entidades ligadas aos ataques químicos de 2014 e 2015 em uma lista negra de sanções da ONU, que incluíam a proibição da venda de helicópteros e de agentes químicos às forças armadas sírias ou ao governo.

As propostas foram feitas após uma investigação liderada pelas Nações Unidas que concluiu, em outubro passado, que a Força Aérea síria havia lançado bombas de cloro de helicópteros em áreas controladas por rebeldes em 2014 e 2015.

O embaixador francês, Francois Delattre, disse que o voto era um "momento da verdade" para o Conselho, argumentando que o uso de armas químicas era uma "negação de toda civilização".

O chanceler britânico, Boris Johnson, classificou o veto de "bastante decepcionante".

"A própria investigação do Conselho de Segurança determinou que o regime sírio e o Estado Islâmico cometeram ataques contra a população síria. Apesar do apoio da maioria do Conselho de Segurança, a Rússia, juntamente com a China, preferiu não atuar", assinalouo ministro.

O painel conjunto das Nações Unidas e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) também descobriu que os extremistas do Estado Islâmico usaram gás de mostarda em um ataque em 2015.

EUA se unem a Reino Unido e França

A votação marcou a primeira grande ação do Conselho pelo novo governo dos Estados Unidos, que busca laços mais estreitos com a Rússia.

A França e o Reino Unido divulgaram a proposta em dezembro, e neste mês o novo governo americano se uniu como copatrocinador do projeto de resolução.

O embaixador adjunto russo, Vladimir Safronkov, reproduziu a opinião de Putin de que a imposição de sanções prejudicaria as negociações de paz, e descreveu o projeto de resolução como uma "provocação" da "troika" ocidental.

O governo sírio nega ter usado armas químicas na guerra, que deixou 310 mil mortos desde março de 2011.

O embaixador chinês, Liu Jieyi, argumentou que as sanções eram prematuras e que o painel da ONU-Opaq deveria ser autorizado a concluir as suas investigações.

"As investigações ainda estão em andamento e, portanto, é cedo para chegar a uma conclusão final", disse Liu ao Conselho.

A China se uniu à Rússia no veto a seis resoluções sobre a Síria.

O Reino Unido, a França e os Estados Unidos são os outros membros permanentes do Conselho de Segurança.

As negociações impulsadas pelas Nações Unidas, que começaram na quinta-feira em Genebra, se depararam com obstáculos quando a Rússia insistiu em que a luta contra o terrorismo fosse adicionada à agenda - pressionando grupos da oposição com vínculos com combatentes islâmicos.

Putin - cuja intervenção militar na Síria ajudou a virar o jogo em favor do presidente Bashar al-Assad - lamentou que as negociações na Suíça "não estejam indo tão bem como esperado".

A Rússia usou seu poder de veto duas vezes para bloquear demandas de um cessar-fogo em Aleppo, a cidade síria que foi controlada pelas forças do governo em dezembro.

A Rússia e a China também bloquearam em 2014 um pedido para que o Tribunal Penal Internacional abrisse investigações sobre crimes de guerra cometidos durante o conflito sírio.

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