Mundo

Rússia e Brasil querem reativar fórum de cooperação econômica para ampliar relações

Comissão foi formada pelos dois países em 1997 para discutir comércio, investimentos, tecnologia e defesa

Lula: governo atual enfrenta muitos desafios em diversos setores (Leandro Fonseca/Exame)

Lula: governo atual enfrenta muitos desafios em diversos setores (Leandro Fonseca/Exame)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 25 de setembro de 2023 às 13h36.

A Rússia pediu ao Brasil para reativar a Comissão de Alto Nível Russo-Brasileira de Cooperação, voltada a comércio, no dia seguinte ao encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente ucraniano Volodmir Zelenski, noticiou a Bloomberg no dia 22. Segundo a agência de notícias americana, os chanceleres de ambos os países, Serguei Lavrov (Rússia) e Mauro Vieira, se reuniram na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, para articular a reativação do fórum, que se reuniu pela última vez em 2015.

O pedido teria partido de Lavrov, diz a Bloomberg, mas o governo brasileiro também teria interesse na retomada das atividades. A comissão foi formada pelos dois países em 1997 para discutir comércio, investimentos, tecnologia, defesa e outros temas. Os dois governos discutirão possíveis datas para uma reunião entre o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, e o primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin, que lideram conjuntamente a comissão.

O plano foi amplamente repercutido pelas agências de notícias russas, a RBC e a Ria Novosti.

Desde que foi criada, a Comissão de Alto Nível Russo-Brasileira se reuniu apenas sete vezes. Em fevereiro de 2022, oito dias de a Rússia invadir a Ucrânia, o presidente Vladimir Putin emitiu uma declaração conjunta com o então presidente Jair Bolsonaro sobre a importância da oitava reunião da comissão no Rio de Janeiro no primeiro trimestre daquele ano, o que nunca aconteceu.

Antes de Lula retomar a presidência em janeiro deste ano, a presidente do Conselho da Federação Russa, a câmara alta do parlamento russo, reuniu-se com ele em dezembro e confirmou a disposição de ambos países para reiniciar o fórum, segundo um comunicado do próprio Conselho da Federação. A notícia afirma que Lula concordou com a ideia e disse que retomaria o trabalho da comissão em seu governo.

Os planos prometem aprofundar as relações comerciais entre Brasil e Rússia, em um momento em que os dois países ocupam a presidência do G-20 e do Brics, respectivamente.

O Brasil já tem a Rússia como um importante parceiro comercial no campo de combustível, com os russos se tornando o principal fornecedor externo de diesel do Brasil este ano, após ultrapassar os americanos. A Rússia também é o principal fornecedor de fertilizantes do Brasil, insumo essencial para o agronegócio, que tem crescido cada vez mais. No ano passado, o comércio entre os dois países atingiu US$ 9,8 bilhões (R$ 48,6 bilhões, na cotação atual).

Sufocada pelas sanções ocidentais, a Rússia tem ampliado negócios com outros parceiros comerciais. O Brasil, que não aderiu às sanções, está incluído na lista, assim como China, Índia e outras nações.

Planos após encontro com Zelenski

O encontro dos chanceleres Mauro Vieira e Serguei Lavrov aconteceram na quinta-feira, 21, dia seguinte ao encontro de Lula com Zelenski, no qual o presidente brasileiro dispôs a posição de dialogar com os dois lados e buscar solução pacífica para o conflito na Ucrânia.

Após o encontro dos presidentes, Vieira declarou à imprensa que Lula estaria aberto a uma reunião semelhante com Vladimir Putin, se este estiver interessado. “O presidente Lula se encontrou com o presidente Putin inúmeras vezes no passado”, disse o chanceler brasileiro. “Se houver essa possibilidade, não tenho dúvidas de que eles vão se encontrar.”

A relação entre Brasil e Rússia é vista pela Ucrânia com desagrado, e as declarações do presidente Lula sobre o conflito foi visto diversas vezes pelo Ocidente e pelas autoridades ucranianas como um apoio tácito à Rússia. O Brasil condenou a invasão russa na Ucrânia na ONU, mas nunca cortou relações comerciais com o país.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaONUCuba

Mais de Mundo

Cápsula de "assistência ao suicídio" causa polêmica na Suíça

Elon Musk sinaliza interesse em investir na Argentina com operações de suas empresas

Biden pede cessar-fogo em Gaza em meio aos novos ataques entre Israel e Hezbollah

Lula diz que América Latina vive '2ª década perdida' em discurso na ONU