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Rússia derrubou avião da Malaysia Airlines em 2014, afirma Holanda

Mesmo com a investigação longe de terminar, os holandeses conseguiram identificar 100 pessoas envolvidas no fato

Malaysia Airlines: Rússia foi responsável pela queda da aeronave, segundo a Holanda (Maxim Zmeyev/Reuters)

Malaysia Airlines: Rússia foi responsável pela queda da aeronave, segundo a Holanda (Maxim Zmeyev/Reuters)

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AFP

Publicado em 24 de maio de 2018 às 07h38.

Última atualização em 24 de maio de 2018 às 13h32.

A equipe internacional que investiga a tragédia do voo MH17 da Malaysia Airlines de julho de 2014 na Ucrânia revelou pela primeira vez, nesta quinta-feira, que o míssil utilizado para derrubar o avião foi transportado por uma brigada militar russa.

O Exército russo, citado por agências de notícias, imediatamente reagiu, afirmando que "nenhum míssil russo" cruzou a fronteira russo-ucraniana.

Em contrapartida, o ministério russo da Defesa apontou para o "envolvimento de unidades ucranianas no uso dos mísseis BUK", de concepção soviética.

A Equipe de Investigação Conjunta "chegou à conclusão de que o BUK-TELAR (sistema de míssil antiaéreo de fabricação russa) que derrubou o voo MH17 veio da 53ª Brigada de Mísseis Antiaéreos com base em Kursk, Rússia", afirmou o investigador holandês Wilbert Paulissen.

"A 53ª Brigada integra as Forças Armadas da Rússia", declarou em uma entrevista coletiva na Holanda.

O avião da companhia Malaysian Airlines foi derrubado quando sobrevoava o leste do espaço aéreo ucraniano em 17 de julho de 2014, sobre a região onde se enfrentavam as tropas leais a Kiev e os separatistas ucranianos.

A aeronave havia decolado de Amsterdã e seguia para Kuala Kumpur. Os 298 passageiros e membros da tripulação, holandeses, australianos, britânicos, malaios e indonésios, morreram na tragédia.

Em setembro de 2016, os investigadores já haviam concluído que o avião foi derrubado por um míssil BUK de fabricação russa, lançado de território ucraniano controlado pelos separatistas pró-Moscou. Mas não haviam anunciado quem havia disparado.

A equipe fez a reconstituição do caminho pelo qual o míssil foi transportado, de Kursk, a 100 km da fronteira com a Ucrânia, utilizando vídeos e fotos.

Paulissen afirmou que os investigadores "verificaram que o BUK-TELAR tem uma certa quantidade de características únicas. Estas características servem como marca de identificação do míssil".

Moscou negou com veemência qualquer responsabilidade na queda do Boeing 777.

A investigação dos holandeses se concentra em quase 100 pessoas suspeitas de ter um "papel ativo" no incidente.

Duas pessoas identificadas pelo codinome Orion e Delfin foram identificadas comos os principais suspeitos com base no registro de suas conversas antes e depois da queda da aeronave.

O coordenador da equipe, Fred Westerbeke, disse que a investigação está na "última etapa", mas afirmou que "ainda há trabalho".

Ao longo dos últimos anos, "reunimos um monte de provas, mas ainda não estamos prontos" para prosseguir com as acusações, indicou.

Peça importante do quebra-cabeça

As autoridades holandesas anunciaram que o julgamento de qualquer suspeito detido em conexão com o caso aconteceria na Holanda ao abrigo de um acordo entre os países participantes na investigação.

O ministro das Relações Exteriores holandês, Stef Blok, que visitou recentemente Mocou para discutir o caso MH17, afirmou que as revelações desta quinta-feira são "uma peça importante do quebra-cabeça".

"Temos mais clareza sobre a queda do MH17, o que é importante especialmente para os familiares de vítimas", disse ele.

As famílias das vítimas escreveram uma carta aberta ao 'povo russo' para expressar sua dor, enquanto Moscou é atingido por sanções ocidentais por seu papel na crise ucraniana e se prepara para sediar a Copa do Mundo de Futebol.

"Nós apelamos novamente o Governo russo a cooperar plenamente com os investigadores internacionais sobre o MH17", escreveram eles na carta publicada pelo jornal de oposição russo Novaya Gazeta.

"Isso não vai trazer de volta nossas famílias, mas a verdade conta, a verdade existe e queremos que os responsáveis ​​sejam identificados e punidos".

As famílias também denunciaram a "campanha vil e enganosa" na imprensa russa, a "desinformação destinada a distrair e confundir, para criar uma realidade alternativa".

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