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Rússia bombardeia Ucrânia antes de 'grande anúncio' de Trump sobre a guerra no Leste Europeu

Presidente americano, que se reúne com o secretário-geral da Otan em Washington nesta segunda-feira, prometeu anunciar medida importante; Congresso quer tarifa de 500% sobre países que ajudem a Rússia

Agência o Globo
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Publicado em 14 de julho de 2025 às 12h15.

A Rússia voltou a lançar ataques aéreos intensos contra a Ucrânia entre a noite de domingo e a madrugada desta segunda-feira, 14, em um momento em que as atenções se voltam para Washington, de onde o presidente americano, Donald Trump, prometeu fazer um "grande anúncio" sobre Moscou nesta segunda, quando recebe o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, na Casa Branca.

A expectativa é de que o republicano anuncie um novo fornecimento de armas para Kiev, enquanto parlamentares pressionam por um projeto de lei que permita a imposição de tarifas de 500% a países que ajudem a Rússia.

A Força Aérea da Ucrânia informou que neutralizou 108 de 136 drones russos disparados contra o país — um número menor de projéteis, comparado aos maiores ataques registrados na semana anterior.

Há confirmação de disparo de ao menos quatro mísseis a partir da região de Kursk, sem Kiev confirmar o abate de nenhum míssil. Dez locais foram atingidos por projéteis. Há confirmação por parte de autoridades locais de seis mortos nas últimas 24 horas.

A escalada de intensidade dos bombardeios russo, que fez com que autoridades ucranianas pedissem repetidamente pelo envio de mais sistemas de defesa antiaérea e medidas mais duras contra a Rússia, parece finalmente ter ressoado em Washington. Acusado de manter uma postura pró-Rússia durante o início das negociações de paz entre Kiev e Moscou, Trump expressou crescente frustração nas últimas semanas com o presidente russo, Vladimir Putin. No domingo insinuou que está disposto a endurecer as sanções contra a Rússia.

"Enviaremos os [sistemas antiaéreos] Patriot, que eles precisam desesperadamente", disse Trump no domingo, voltando a demonstrar insatisfação com a postura de Putin diante das negociações.

"Putin realmente surpreendeu muita gente. Ele fala bonito e depois bombardeia todo mundo à noite".

O novo envio de baterias Patriot, segundo Trump, seria bancado pela "União Europeia" — embora não tenha ficado claro se o bloco europeu pagaria diretamente pelos equipamentos. Uma iniciativa liderada por Rutte pretende fazer com que Estados-membros da Otan (nem toda a UE faz parte da aliança militar) comprem os equipamentos para enviar à Ucrânia.

A Alemanha ofereceu-se para comprar dois sistemas Patriot para doar à Ucrânia, enquanto a Noruega se ofereceu para comprar um. O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, também estará em Washington para se reunir com o líder do Pentágono, Pete Hegseth.

Ainda no domingo, Trump insinuou que pode impor sanções a Moscou, uma medida que conta com apoio no Legislativo, afirmando: "Veremos o que acontece amanhã".

Autoridades de Moscou afirmaram na semana passada que não especulariam sobre o anúncio de Trump, e que esperariam para ver como Washington se posicionaria neste momento da guerra. Após as declarações de domingo, integrantes de alto escalão do governo apareceram em público para dizer que a Rússia não iria se intimidar com nenhuma iniciativa americana.

"[O diálogo entre a Rússia e os EUA continuará] apesar dos enormes esforços para interrompê-lo usando todos os meios disponíveis", disse o chefe do fundo soberano da Rússia, Kirill Dmitriev, a jornalistas russos, acrescentando que qualquer iniciativa estaria "fadada ao fracasso".

Em sua coletiva de imprensa diária, o principal porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, adotou um tom mais brando, evitando criticar abertamente Trump após a confirmação do envio de armas.

"O fato é que o fornecimento de armas, munições e equipamentos militares dos EUA para a Ucrânia continuou e continua", disse Peskov.

O porta-voz ainda afirmou esperar que a viagem do enviado especial de Trump à Ucrânia, Keith Kellogg, que desembarcou nesta segunda em Kiev, tenha por objetivo continuar "esforços de mediação" como parte do "acordo russo-ucraniano".

Lei bipartidária

Em Washington, mesmo alas do Partido Republicano pressionam para que Trump, que adotou uma retórica mais branda com a Rússia na tentativa de avançar com uma negociação diplomática, tome medidas mais duras para sancionar Moscou. No Congresso, senadores preparam uma lei bipartidária que permitiria a Trump aplicar sanções.

"[A lei permitiria ao presidente] ir atrás da economia de Putin e de todos os países que sustentam a máquina de guerra de Putin", declarou o senador republicano Lindsey Graham, um dos idealizadores do projeto, ao canal CBS.

"O pacote legislativo que estamos analisando daria ao presidente Trump a capacidade de impor tarifas de 500% a qualquer país que ajude a Rússia".

Ainda de acordo com Graham, países que compram produtos russos, como China, Índia e Brasil, poderiam ser afetados pela medida. (Com NYT e AFP)

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