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Rússia anuncia a prisão de dois grupos de Testemunhas de Jeová

Considerados "extremistas", a organização religiosa é proibida na Rússia desde 2017

Rússia: o governo informou que celulares e "literatura extremista" foram apreendidos (Caspar Benson/Getty Images)

Rússia: o governo informou que celulares e "literatura extremista" foram apreendidos (Caspar Benson/Getty Images)

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AFP

Publicado em 7 de fevereiro de 2019 às 12h04.

As autoridades russas anunciaram nesta quinta-feira novas detenções de Testemunhas de Jeová depois da condenação a seis anos de prisão de um dinamarquês membro dessa organização religiosa proibida na Rússia desde 2017.

De acordo com o Ministério do Interior, dois grupos diferentes de Testemunhas de Jeová foram detidos em Mordóvia (centro-oeste da Rússia) e no distrito de Iugra (Sibéria Ocidental).

O ministério, que acrescenta que computadores, telefones celulares e "literatura extremista" foram apreendidos, não especificou o número total de pessoas presas.

As Testemunhas de Jeová, que reivindicam 172 mil membros na Rússia, foram proibidas em abril de 2017 pela Suprema Corte e, desde então, esse movimento é considerado "extremista" pelo Ministério da Justiça.

Na quarta-feira, a justiça russa condenou dinamarquês Dennis Christensen a seis anos de prisão por "extremismo", na primeira decisão do tipo desde que esta denominação religiosa foi proibida no país.

Christensen foi condenado após um julgamento que durou 10 meses em Oriol, uma pequena cidade que fica 400 km ao sul de Moscou.

Yaroslav Sivulskiy, porta-voz na Rússia das Testemunhas de Jeová, afirmou que o movimento pretende recorrer contra a decisão.

Em um comunicado, Sivulskiy afirmou "lamentar a condenação de Dennis Christensen, um homem inocente que não cometeu nenhum verdadeiro crime".

O Serviço Federal de Segurança (FSB) russo anunciou a detenção de Dennis Christensen e de outros membros da igreja em maio de 2017, em Oriol, durante uma cerimônia religiosa, poucas semanas após a proibição deste movimento na Rússia.

Os outros integrantes da denominação religiosa foram liberados rapidamente, mas Dennis, atualmente com 46 anos, permaneceu detido.

O processo começou em abril de 2018. Em janeiro, a Promotoria solicitou seis anos e meio de prisão para o dinamarquês, que é casado com uma russa e mora há muitos anos no país.

Em sua última declaração antes das deliberações, Dennis Christensen afirmou que "não havia cometido nenhum crime".

Fundado nos anos 1870 nos Estados Unidos por Charles Russel, o movimento Testemunhas de Jeová é cristão e seus membros se consideram os únicos que podem restituir o cristianismo original. Com frequência são acusados de desvios sectários por causa de seus rigorosos preceitos.

As organizações de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) e Anistia Internacional (AI) denunciaram uma campanha de "perseguição religiosa" contra este movimento na Rússia.

A AI considerou a sentença a "encarnação da injustiça do sistema judicial russo".

A organização russa de defesa dos direitos humanos Memorial considera os membros de Testemunhas de Jeová como "presos políticos" e que são "perseguidos por sua fé".

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