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Rússia acusa EUA de desenvolver armas biológicas na Geórgia

A acusação russa se baseia na documentação apresentada recentemente pelo ex-ministro de Segurança Nacional da Georgia, Igor Guiorgadze

Bandeiras da Rússia e dos EUA: "Muito provavelmente, sob a aparência de pesquisas pacíficas, os EUA aumentaram seu potencial militar biológico" disse o general russo Igor Kirillov (mashabuba/Getty Images)

Bandeiras da Rússia e dos EUA: "Muito provavelmente, sob a aparência de pesquisas pacíficas, os EUA aumentaram seu potencial militar biológico" disse o general russo Igor Kirillov (mashabuba/Getty Images)

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EFE

Publicado em 4 de outubro de 2018 às 13h30.

Moscou - O Ministério da Defesa da Rússia denunciou nesta quinta-feira que existem evidências de que os Estados Unidos "muito provavelmente" fizeram experiências com humanos ao desenvolver armamento biológico em um laboratório que administram no território da Geórgia.

"Muito provavelmente, sob a aparência de pesquisas pacíficas, os EUA aumentaram seu potencial militar biológico" no Centro de Pesquisas de Saúde Pública Richard Lugar, na Geórgia, disse em entrevista coletiva o comandante das tropas de Defesa Nuclear, Biológica e Química, o general Igor Kirillov.

A acusação da Rússia se baseia na documentação apresentada recentemente pelo ex-ministro de Segurança Nacional da Georgia, Igor Guiorgadze, refugiado em Moscou desde 1995, após ser acusado de organizar um atentado com bomba contra o então presidente do parlamento georgiano, Eduard Shevarnadze.

Guiorgadze afirmou em setembro que o laboratório, localizado próximo à capital Tbilisi e que leva o nome do ex-senador republicano dos EUA Richard Lugar, produz bactérias e vírus suscetíveis a serem usados como armas biológicas.

O general Kirillov usou hoje a documentação apresentada por Guiorgadze, segundo a qual pelo menos 73 pessoas morreram desde 2015 como resultado de experiências com agentes biológicos realizadas sob a alegação de testes clínicos de um remédio americano no Centro Richard Lugar.

"Os experimentos acabaram com mortes maciças dos pacientes. E apesar da morte de 24 pessoas só em dezembro de 2015, os testes clínicos continuaram, violando padrões internacionais e contra a vontade dos pacientes. Isso levou à morte de outras 49 pessoas", disse Kirillov.

A morte simultânea de tantos voluntários "dá motivos para supor que foram feitos testes de um componente químico ou um agente biológico de alta mortalidade", afirmou o comandante russo.

O militar lembrou que os EUA já realizaram experiências deste tipo em meados do século passado na Guatemala, quando quase 1.500 pessoas foram contagiadas com os patógenos da sífilis e da gonorreia.

"Os americanos infectavam premeditadamente os pacientes psiquiátricos com esses patógenos. Como consequência disso, quase metade dos pacientes morreu. O caso dos experimentos ilegais foi admitido em 2010 pelo presidente (Barack) Obama", acrescentou Kirillov.

O general russo denunciou que o programa de armamento biológico do Pentágono inclui o desenvolvimento de laboratórios não só na Geórgia, mas também em outras antigas repúblicas soviéticas.

"A reconstrução de laboratórios continua nos territórios de Ucrânia, Azerbaijão e Uzbequistão", afirmou Kirillov.

O Ministério da Defesa do Uzbequistão afirmou à agência russa "Interfax" que não tem informações sobre a localização dos laboratórios americanos no território de seu país.

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