O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, é ligado ao vice-presidente eleito, Michel Temer (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2010 às 12h15.
Cotado para permanecer no cargo no governo Dilma Rousseff (PT), por conta da proximidade com o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), o ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), refutou o que ele chamou de "especulação idiota" sobre sua recondução ao comando da Pasta.
No entanto, Rossi admitiu que é "um cumpridor de ordens do partido". "Se vier a ser convidado, atuarei com a mesma dedicação. Se não for, estarei gratificado", disse.
Rossi esteve na festa de aliados de Dilma em comemoração pela eleição da ex-ministra da Casa Civil e relatou que membros do PMDB chegaram a discutir sobre especulações de cargos.
"Mas o Temer foi taxativo e disse que não era o momento de negociar e que a composição do governo ficará a cargo da presidente Dilma", afirmou. "É lógico que o partido será chamado por ela e que iremos contribuir", completou.
O ministro da Agricultura defendeu ainda o continuísmo na Pasta e afirmou que as políticas agrícolas atuais "deram certo" e que "não precisam ser mudadas" para o próximo governo.
Um dos mais fiéis aliados de Temer, Rossi foi presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) até 1º de abril deste ano, quando assumiu a vaga no ministério deixada por Reinhold Stephanes, reeleito deputado pelo PMDB do Paraná.
É do Paraná, principal Estado agropecuário do País, que vem até agora um dos nomes cotados para substituir Rossi, caso ele não permaneça no cargo: o candidato derrotado ao governo local, senador Osmar Dias, que é do PDT e entraria na cota do partido no ministério de Dilma.
PMDB paulista
Se Rossi adota cautela para falar sobre sua permanência no cargo não poupa ataques ao comentar o embate no PMDB do Estado de São Paulo, dominado pelo presidente estadual do partido e seu inimigo político, o ex-governador Orestes Quércia. "O PMDB de São Paulo precisa mudar radicalmente, pois se tornou um cartório comandado por quem não deixa ninguém entrar", disse Rossi.
O ministro relatou que políticos como o prefeito de Campinas, Helio de Oliveira Santos (PDT), e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf (PSB), candidato derrotado ao governo paulista, chegaram a negociar a mudança para o PMDB. "Mas foram vetados por quem tornou o partido hermético", criticou.
Nas eleições, enquanto o PMDB nacional apoiou Dilma, a direção paulista do partido se aliou ao governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB). O PMDB fez apenas um deputado federal no Estado, o ex-prefeito de São José de Rio Preto, Edinho Araújo, aliado de Serra e Alckmin, e cinco estaduais.
Entre os estaduais eleitos está Baleia Rossi (PMDB), filho do ministro e reeleito com 176.787, ou mais de 76 mil votos a mais que os 100.195 do federal Edinho Araújo. "Isso ocorreu porque o partido não se articulou para fazer uma bancada federal, o que não ocorreu com os estaduais, que atuaram de forma independente" disse.
"Na próxima semana vamos discutir essa rearticulação do PMDB e fazer uma política de rearticulação, se possível sem confronto", concluiu Rossi.