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Rohingyas de Mianmar, a maior população apátrida do mundo

Totalizando mais de 370 mil fugas para Bangladesh, a atual crise envolvendo a minoria muçulmana tem raízes na divisão das Índias britânicas

Rohingyas: considerados estrangeiros em Mianmar, os rohingyas são vítimas de múltiplas discriminações (Danish Siddiqui/Reuters)

Rohingyas: considerados estrangeiros em Mianmar, os rohingyas são vítimas de múltiplas discriminações (Danish Siddiqui/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de setembro de 2017 às 13h39.

Um milhão de rohingyas vivem em Mianmar, alguns há várias gerações. Para os birmaneses, porém, são bengalis, o que faz deles a maior população apátrida do mundo.

Com mais de 370.000 pessoas que fugiram para Bangladesh desde 25 de agosto, a atual crise tem raízes na divisão das Índias britânicas, que incluíam Mianmar e Bangladesh.

Quem são os rohingyas?

Estes muçulmanos sunitas falam um dialeto de origem bengali utilizado no sudeste do Bangladesh, de onde são originários.

Muitos vivem no estado de Rakhin, no noroeste de Mianmar, mas são apátridas, porque o país lhes nega a cidadania.

A lei birmanesa sobre a nacionalidade de 1982 especifica, concretamente, que apenas os grupos étnicos que podem demonstrar sua presença no território antes de 1823, data da primeira guerra anglo-bereber que levou à sua colonização, podem obter a nacionalidade birmanesa.

No entanto, os representantes dos rohingyas garantem que sua comunidade tinha representantes neste país há muito mais tempo.

Nos últimos anos, milhares deles fugiram de Mianmar para a Malásia, ou para a Indonésia. Outros decidiram seguir para Bangladesh, país para onde dezenas de milhares já fugiram desde o início da violência entre o Exército birmanês e os rebeldes no final de agosto.

Quais são suas condições de vida?

Considerados estrangeiros em Mianmar, os rohingyas são vítimas de múltiplas discriminações: trabalho forçado, extorsão, restrições à liberdade de circulação, regras de casamento injustas e confisco de terras.

Eles também têm acesso limitado à educação e a outros serviços públicos.

Desde 2011 e da dissolução da junta militar que imperou por quase meio século no país, as tensões entre as comunidades aumentaram.

Um poderoso movimento de monges nacionalistas não se absteve de provocar o ódio, considerando que os muçulmanos representam uma ameaça para Mianmar, um país com mais de 90% de sua população budista.

Episódios anteriores de violência

Em 2012, foram registrados confrontos violentos entre budistas e muçulmanos, deixando quase 200 mortos, especialmente muçulmanos.

Em outubro passado, houve novos surtos de violência: o Exército lançou uma grande operação, após ataques a postos de fronteira por homens armados no norte do estado de Rakhin.

Acusando as forças de segurança de múltiplos excessos de violência, milhares de civis abandonaram seus povoados. A mesma situação se repete desde agosto, mas de forma mais grave.

Os ataques que provocaram a operação militar foram reivindicados pelo Exército de Salvação Rohingya de Arakan, um grupo que surgiu recentemente na ausência de avanços por parte do governo birmanês na questão dos rohingyas.

Uma comissão internacional liderada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan pediu recentemente a Mianmar que conceda mais direitos à sua minoria muçulmana.

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