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Rios do Camboja ocultam grande arsenal bélico

O governo do país planeja iniciar operações de limpeza e desativação de explosivos nos afluentes do Camboja


	Soldados cambojanos: ''A desativação de minas na água é muito mais difícil e tem um maior custo do que na superfície''
 (AFP)

Soldados cambojanos: ''A desativação de minas na água é muito mais difícil e tem um maior custo do que na superfície'' (AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2012 às 20h33.

Bangcoc - Os rios e lagos do Camboja ocultam um número indeterminado de bombas que os Estados Unidos arrojaram no país e das minas terrestres que foram usadas nas disputas posteriores, colocando em risco a vida de pescadores e da população local.

O governo do país planeja iniciar operações de limpeza e desativação de explosivos nos afluentes do Camboja a partir do próximo mês, coincidindo com o fim da estação chuvosa. Essa tarefa já foi realizada outras duas vezes.

''Segundo dados do exército dos Estados Unidos, quase 3 milhões de bombas caíram no Camboja entre 1970 e 1975. Além disso, entre 4 e 6 milhões de minas foram colocadas entre 1970 e 1998. No entanto, é desconhecido o número de artefatos que estão em rios ou lagos do país'', afirmou à Agência Efe Khun Ratana, porta-voz do Centro de Ação contra as Minas no Camboja (CMAC, em inglês).

Artefatos explosivos e munição que afundaram com embarcações, há décadas colocam em risco a vida de pescadores e impedem projetos de desenvolvimento.

Em agosto, as obras de cimentação de uma ponte na província de Kandal, onde passa o rio Mekong, teve que ser paralisada após a explosão de um bomba enterrada no leito fluvial.

''Com uma economia em crescimento, aumenta a demanda de novas estradas e pontes. Além disso, proliferam as grandes construções, o uso da terra para a agricultura e os novos assentamentos para os descolados'', aponta Ratana.

Em março de 2011, aconteceu a primeira missão submarina no rio Tonle Sap, na província de Kampong Chhnang, onde foram testados equipamentos de mergulho e sistemas de detecção durante a localização e recolhida de 940 artefatos não detonados, entre eles morteiros e artilharia pesada.

Uma segunda operação aconteceu no final de maio de 2011 no rio Mekong, entre as províncias de Kandal e Prey Veng, com o objetivo de verificar e treinar o funcionamento dos sistemas, o que permitiu desenterrar mais de três mil explosivos.


''Durante as operações, o CMAC adquiriu um grande conhecimento nas operações aquáticas para futuros mergulhos. Entre ambas as operações, foram recuperadas cerca de 13 toneladas de material não detonado'', comentou o porta-voz do centro cambojano de desativação de minas.

Segundo o Centro de Ação, os rios que têm o maior número de resíduos bélicos são o Mekong, o principal do Camboja, e os que percorrem a parte oriental do país, área fronteiriça com o Laos e Vietña.

Cerca de 40 membros da organização receberam formação para buscar munições não detonadas em leitos fluviais, com técnicas que combinam habilidades de mergulho e tecnologia de som.

''A desativação de minas na água é muito mais difícil e tem um maior custo do que na superfície'', afirma Ratana.

O Centro de Ação contra as Minas no Camboja conta com um orçamento anual que ronda US$ 10 milhões, procedentes de doações para as operações de desativação.

Além da ameaça de explosões na água, o Camboja enfrenta na parte oeste, que faz fronteira com a Tailândia, o problema das minas terrestres que ameaçam grande parte da população local.

''Muitos granjeiros morrem pelas minas enterradas, a maioria delas antitanques, que explodem com a passagem dos tratores'', explica Ratana.

Segundo dados do Centro de Ação, o número vítimas mortais por conta das explosões de minas e outros artefatos caiu de 2.150, em 1998, a 211 do ano passado.

O programa de Educação perante o Risco de Minas, organizado pela CMAC, informa as autoridades locais sobre como atuar com estes artefatos e proporciona informação à população local sobre os perigos dos explosivos.

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