Policiais patrulham a rua durante operação na favela Vila Cruzeiro, no Rio de Janeir (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2011 às 21h49.
Rio de Janeiro - O deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ) denunciou nesta segunda-feira que recebeu cinco ameaças de morte nos últimos dez dias. As informações forem repassadas por meio do serviço Disque Denúncia e apontam milicianos como os autores. Freixo recebeu um ato de apoio na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com a presença de lideranças políticas, comunitárias e do meio cultural.
A presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OAB, Margarida Pressburger, protestou pelo que chamou de morte anunciada: as ameaças contra cidadãos que lutam pela aplicação da lei. "Não podemos aceitar mais esta morte anunciada. Que a Patricia Acioli (juíza morta por policiais militares em agosto) seja uma bandeira para que isso não se repita", disse.
O ator Wagner Moura, protagonista do filme Tropa de Elite, em que interpreta um personagem que luta contra o poder das milícias, considerou inaceitáveis as ameaças a Freixo, que presidiu em 2008 a Comissāo Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). "É impressionante que o nosso país ainda compactue com pessoas juradas de morte", lamentou.
A CPI das Milícias indiciou 225 pessoas e pediu investigação de mais mil, o que levou à prisão cerca de 500 acusados. Freixo destacou que o problema não é de ordem pessoal, mas de toda a sociedade. "Não é a minha vida que está em jogo. Se ameaçam um parlamentar, o que não podem fazer contra pessoas indefesas?"
O deputado disse que, apesar das denúncias apresentadas no relatório final da CPI, o número de milícias cresceu no últimos anos no Estado, tendo passado de 170 para 300 as áreas dominadas pelos grupos criminosos. "Temos que retirar os braços econômicos e territoriais das milícias. Enquanto dominarem as vans, o 'gatonet' (serviço ilegal de TV por assinatura) e a distribuição de gás, vão ter dinheiro para matar as pessoas e comprar gente. Não é possível que, após a morte de uma juíza, não sejam tomadas providências mais radicais contra esses criminosos."