“A Rio 20 pode ser um divisor de águas para que a nova geração tenha realmente esse equilíbrio como objetivo”, disse Lago (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2012 às 13h59.
Rio de Janeiro - A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, vai ser uma oportunidade para que a população mundial se conscientize da necessidade de promover mudanças consideráveis na economia do futuro, disse à Agência Brasil o chefe do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty, embaixador André Corrêa do Lago.
Ele explicou que, como a Rio+20 é uma conferência sobre desenvolvimento, é preciso ver como se poderá assegurar que o paradigma do desenvolvimento sustentável – o equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental – seja efetivamente adotado pelos países.
“A Rio+20 pode ser um divisor de águas para que a nova geração tenha realmente esse equilíbrio como objetivo”, disse Lago. Ele lembrou que a atual crise econômica mundial é a grande oportunidade para mudanças com esse objetivo. “Quando a gente não está em crise, não quer mexer nas coisas. Mas como estamos em crise, é o momento de observarmos o longo prazo, de começar a mexer nas coisas pensando nisso".
O embaixador disse que o governo brasileiro é contrário a que o resultado da conferência do Rio ocorra apenas na esfera ambiental. “O fortalecimento do pilar ambiental, da Agência das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), nós favorecemos. Mas isso é muito pouco. Nós temos que favorecer o paradigma de desenvolvimento sustentável, que está por cima do ambiental”.
Para Lago, a parte ambiental significa apenas um terço do desenvolvimento sustentável. Os outros dois terços são os lados econômico e social. Nesse sentido, ele defendeu uma mudança nos modelos de produção e consumo atuais. “E isso não é a área ambiental que vai conseguir fazer. São as áreas econômica e social. É uma questão de comportamento, de opções”. É dessa forma que as decisões da Rio+20 vão afetar a vida das pessoas no dia a dia, acrescentou.
“Todos nós, todos os dias, tomamos milhares de decisões que têm impacto econômico, social e ambiental nas escolhas que a gente faz. E se nós levamos a sério esse objetivo de erradicação da pobreza, estamos decidindo que queremos criar uma gigantesca classe média. Então, temos que pensar de que maneira vamos obter uma imensa classe média em um mundo que leve em consideração o equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental”, disse Lago.
A ascensão de pessoas das classes D e E à chamada classe média é uma questão chave na Rio+20, acrescentou o embaixador. Ele advertiu, entretanto, que a definição da nova classe média sustentável, do ponto de vista econômico, social e ambiental, é uma tarefa que deverá começar pelos países que criaram essa imagem que as demais nações estão perseguindo.
“O chinês de classe média, o brasileiro de classe média, todo mundo está acompanhando o modelo que vemos na televisão, nos anúncios, nas revistas. Temos que começar a mexer no modelo, que vem dos países mais ricos”. Os países desenvolvidos, segundo o embaixador, têm o papel fundamental de desenvolver um padrão de classe média que seja sustentável.
Esse trabalho vai exigir o engajamento da sociedade civil, explicou. “Se a sociedade civil não se empenhar nessa direção, isso não vai acontecer”. Lago considera fundamental o apoio da sociedade civil para impulsionar os governos a serem ambiciosos no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável.