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Ricardo III da Inglaterra repousará após cinco séculos

O rei Ricardo III da Inglaterra, cujos restos mortais foram encontrados debaixo de um estacionamento, receberá um enterro digno após 530 anos


	Reprodução de uma imagem do rei Ricardo III: o último rei medieval da Inglaterra será sepultado na quinta-feira
 (Wikimedia Commons)

Reprodução de uma imagem do rei Ricardo III: o último rei medieval da Inglaterra será sepultado na quinta-feira (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 22 de março de 2015 às 16h02.

O rei Ricardo III da Inglaterra, monarca do século XV, cujos restos mortais foram encontrados debaixo de um estacionamento em 2012, receberá, enfim, um enterro digno de um membro da realeza na quinta-feira na Catedral de Leicester.

A cerimônia, que será transmitida pela televisão, será o ponto culminante de cinco dias de celebrações iniciadas neste domingo.

Seu caixão foi exposto na Universidade de Leicester (centro da Inglaterra) neste domingo pouco antes das 11h00 GMT (8h00 no horário de Brasília).

Membros da universidade e alguns de seus descendentes depositam cada um rosas brancas sobre o caixão.

O último rei da dinastia Plantagenet seguiu em seu caixão de chumbo para o lugar onde foi disputada a batalha de Bosworth, onde encontrou a morte.

O último rei medieval da Inglaterra será sepultado na quinta-feira, na presença de membros da família real e dos mais importantes clérigos do país.

A morte, aos 32 anos, de Ricardo III, monarca entre 1483 e 1485, pôs fim à Guerra das duas Rosas, entre a casa de York e os Plantagenet. Embora seu corpo nunca tenha sido encontrado, segundo alguns escritos, ele repousava em uma capela franciscana, destruída no século XVI.

Após a sua morte, a coroa passou para Henrique VII e os reis da dinastia Tudor que, com ajuda de Shakespeare e de outros dramaturgos, descreveram Ricardo III como um vilão brutal e corcunda, que não se detinha diante de nada, chegando a assassinar dois jovens sobrinhos para assegurar o trono.

A Alta Corte de Londres decidiu, em maio, que o rei tinha de ser enterrado na catedral de Leicester, descartando assim o apelo de seus descendentes, que pretendiam enterrá-lo em York.

A extraordinária epopéia de como seu esqueleto foi encontrado em um estacionamento cerca de 530 anos após sua morte, em 1485, rodou o mundo.

"É incrível tê-lo encontrado intacto", afirma Mathew Morris, que liderou as escavações, explicando que uma obra da era vitoriana havia passado a centímetros do crânio de Ricardo III.

Coincidência ou um sinal? O "esqueleto nº 1", como foi batizado num primeiro momento, foi encontrado sob a vaga do estacionamento marcado com a letra "R" de "reservado".

Última batalha antes de sepultamento

Antes mesmo dos testes de DNA, a probabilidade do esqueleto em questão ser de Ricardo III era muito forte: a datação por carbono 14 mostraram que o homem tinha morrido entre 1455 e 1540, enquanto que a coluna vertebral curvada e as oito lesões na cabeça eram coerentes com a história deste rei, que sofria de escoliose grave e que morreu no campo de batalha.

O "esqueleto nº1" foi finalmente identificado oficialmente por meio de testes de DNA realizados em Michael Ibsen e Wendy Duldig, ambos descendentes da irmã mais velha de Ricardo III, Ana de York.

Mas estes testes também trouxeram à tona evidências de uma "falsa paternidade", o que levanta dúvidas sobre as alegações reais de gerações de monarcas britânicos.

Durante as análises, os pesquisadores não encontraram combinações na linhagem masculina da família, descendente de João de Gaunt, irmão do bisavô de Ricardo III.

Isto significa que, em algum ponto, deve ter havido uma criança, cujo pai presumido, segundo a genealogia oficial, não era o pai verdadeiro.

De todas as formas, Ricardo III precisou travar uma última batalha antes de poder descansar em paz, a escolha do local para o sepultamento. Por fim, a justiça decidiu a favor dos arqueólogos, escolhendo Leicester à custa de York.

Embora católico, o rei medieval será enterrado de acordo com o rito anglicano. Contudo, rituais católicos acontecerão ao longo da semana, incluindo uma missa de requiem na segunda-feira, conduzida pelo cardeal Vincent Nichols, o mais alto prelado católico da Inglaterra.

Quinta-feira, o enterro será celebrado na presença do chefe da Igreja Anglicana, o arcebispo de Canterbury Justin Welby, e da condessa de Wessex, Sophie, nora de Elizabeth II, e do príncipe Ricardo, Duque de Gloucester, patrono da associação Ricardo III e descendente do rei.

O túmulo será aberto ao público no sábado.

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