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Revoluções árabes, Fukushima e FMI em debates do G8

Quase seis meses após as "revoluções árabes", os países-membros definirão a ajuda financeira para apoiar uma transição democrática nos Estados árabes

Nicolas Sarkozy, presidente francês, recebe o primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, para almoço no Palácio do Eliseu (Bertrand Guay/AFP)

Nicolas Sarkozy, presidente francês, recebe o primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, para almoço no Palácio do Eliseu (Bertrand Guay/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2011 às 11h51.

Deauville - O apoio do G8 aos países das "revoluções árabes", as lições do acidente nuclear de Fukushima e as repressões às revoltas em Líbia e Síria serão os principais temas em debate na cúpula de líderes mundiais na quinta e na sexta-feira em Deauville (noroeste), sem esquecer a sucessão no FMI.

Quase seis meses depois das "revoluções árabes" que derrubaram os regimes autoritários da Tunísia e do Egito, os países do G8 definirão a ajuda financeira a ser concedida em apoio a uma transição democrática.

O anfitrião em Deauville, o presidente francês Nicolas Sarkozy, quer que esta cúpula "assente as bases" de uma "colaboração de longa duração" entre os países do G8 e os países da "primavera árabe" em sua "transição para mais democracia" e "mais economia de mercado", disse uma fonte da Presidência francesa.

França e Reino Unido anteciparam que não será uma "cúpula de doadores", embora Tunísia e Egito apresentem cifras precisas: 25 bilhões de dólares para o primeiro e 12 bilhões para o segundo.

Os Estados Unidos se adiantaram à cúpula e anunciaram uma ajuda de bilhões para impulsionar a democratização e o Banco Mundial prometeu até 6 bilhões de dólares, contanto que sejam realizadas as reformas políticas e econômicas.

Quase três meses depois do início dos bombardeios de uma coalizão internacional na Líbia, que não conseguiram retirar Muamar Kadhafi do poder, os países do G8 (França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Reinos Unido, Canadá, Japão e Rússia) tentarão encontrar uma saída para a atual situação.

A Rússia reiterou nesta quarta-feira que os bombardeios são um "desvio grosseiro" do mandato da ONU.

Os protestos populares na Síria e a repressão imposta pelo regime de Bashar al-Assad, que desde março custou a vida de mais de 1.000 pessoas, estará nas discussões de Nicolas Sarkozy, Barack Obama, Angela Merkel, David Cameron, Dmitri Medvedev, Silvio Berlusconi, Stephen Harper e Naoto Kan.


Dois meses depois do acidente nuclear na usina japonesa de Fukushima causado pelo terremoto e pelo tsunami que deixaram 25.000 mortos, os oito debaterão o futuro da energia nuclear.

"A primeira lição é estabelecer normas de segurança no mais alto nível de exigência", indicou a mesma fonte do Eliseu que admitiu "respostas diferentes" dos países do G8 que concentram a maior parte das centrais nucleares do planeta com cerca de 300 reatores nucleares.

Fora da agenda, a nomeação do sucessor de Dominique Strauss-Kahn à frente do Fundo Monetário Internacional (FMI), estará certamente nas discussões dos chefes de Estado e de Governo dos países do G8 que controlam 80% da riqueza mundial, sobretudo, pela forma como ocorreu a renúncia do dirigente francês indiciado em Nova York por tentativa de estupro de uma camareira de hotel.

A ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, anunciou oficialmente nesta quarta-feira sua candidatura ao cargo de diretor-gerente do FMI.

Ela competirá com Agustín Carstens, o candidato anunciado pelo México, um dos emergentes que exigem o seu lugar no comando financeiro mundial.

O G8 também abordará as promessas financeiras feitas aos países do NEPAD (Nova Associação para o Desenvolvimento da África) formado por Argélia, Egito, Etiópia, Nigéria, Senegal e África do Sul. Várias ONGs denunciaram que o G8 não concedeu nem a metade dos 25 bilhões de dólares prometidos em 2005, segundo índices da OCDE.

A internet como "maior fenômeno" do século XXI do ponto de vista econômico e social -seu papel na "primavera árabe"- será outro dos assuntos da agenda de chefes de Estado que deverão apoiar um plano de ação para conter a rota transatlântica da cocaína da América Latina à Europa, passando pela África.

Cerca de 50 ONGs -alguns procedentes da Tunísia, Camarões e Nigéria- e nenhuma da América Latina assistirão à Cúpula de Deauville, luxuoso balneário do norte da França protegido por um impressionante aparato de segurança com 12.000 policiais e militares, 40 helicópteros e duas baterias de mísseis e onde a navegação estará proibida em um raio de 9 km.

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