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Revolução dos guarda-chuvas ofusca Dia Nacional na China

O movimento democrático de Hong Kong ofuscou o Dia Nacional da China com grandes protestos

Manifestante abaixo de guarda-chuvas, durante protestos pró-democracia em Hong Kong (Carlos Barria/Reuters)

Manifestante abaixo de guarda-chuvas, durante protestos pró-democracia em Hong Kong (Carlos Barria/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2014 às 12h56.

Hong Kong - O movimento democrático de Hong Kong, denominado "revolução dos guarda-chuvas", ofuscou nesta quarta-feira o Dia Nacional da China com grandes protestos que se estenderam por toda a cidade e que reuniram um número recorde de manifestantes desde que o movimento começou.

Hoje, quarto dia consecutivo de protestos, o perfil dos manifestantes se diversificou, com vários adultos acompanhados de crianças pequenas e idosos apoiando a multidão de estudantes que encabeçam as manifestações desde sexta-feira.

Nesta quarta se celebra o Dia Nacional da China, que comemora o 65º aniversário desde a fundação da República Popular, uma jornada festiva em todo o país asiático que em Hong Kong ajudou a avivar os protestos.

"Acho que é um momento muito importante para protestar, para lutar por nossa liberdade. Quis vir com meus filhos para que experimentem, porque minha luta é para que eles possam viver a democracia no futuro", disse à agência Efe Brenda, dona de casa de 38 anos, que decidiu hoje se aproximar de Mong Kok, uma das três zonas onde as pessoas começaram a se reunir esta manhã, junto com seus filhos de quatro e cinco anos.

Ao seu lado, milhares de pessoas escutavam sentadas na calçada para ouvir quem tivesse coragem de pegar o microfone e compartilhar suas opiniões sobre a democracia e reivindicar liberdades civis em Hong Kong, como eleições "reais" em 2017.

"Agradecemos ao mundo por transmitir nossa mensagem. Queremos a renúncia do chefe do Executivo e democracia já", assinalou um dos participantes destes colóquios improvisados em inglês, imediatamente antes de começar a se dirigir aos seus compatriotas na língua local, o cantonês.

Dos eventos organizados anualmente para comemorar este dia, só um aconteceu hoje em Hong Kong devido à magnitude que o movimento pró-democrático alcançou, se estendendo ao longo do dia por várias ruas em um ambiente tranquilo, sem nenhum tipo de atividade policial.

A única celebração oficial foi o hasteamento da bandeira da China pela manhã, com um protesto silencioso protagonizado por estudantes do ensino médio e um discurso do chefe do Executivo, Leung Chung-ying, que defendeu ser "melhor votar do que não fazê-lo", mesmo que em um grupo de candidatos escolhidos previamente por Pequim.

Apesar de Leung ter pedido novamente que os manifestantes voltem para suas casas, os gritos a favor da democracia chegaram hoje inclusive até o centro do luxo na ilha, a avenida onde ficam as grandes marcas tradicionalmente abarrotadas no Dia Nacional por turistas chineses do continente.

"Sabia que haviam alguns protestos, mas não muito. Não me parecem razoáveis e vimos muitas lojas fechadas, o qual é uma pena", comentou à Agência Efe uma jovem da região autônoma de Guangxi, no sul do país, que passeava junto de uma amiga e uma mala vazia com o objetivo de enchê-la até o topo com compras.

A poucos metros dela, um grupo de idosos mostrava cartazes para as televisões que se aproximavam para cobrir o acontecimento. "Não vamos nos render, queremos um futuro melhor para os que vêm (por aí)", assinalou à Efe uma octogenária, apoiada em um guarda- chuvas.

No mesmo momento que a mulher clamava por uma Hong Kong melhor, em Almiralty, o centro dos protestos nos arredores da sede do governo da cidade, os centenas de milhares de manifestantes concentrados nesta cidade de 7,4 milhões de habitantes iluminavam o protesto com as luzes de seus telefones celulares.

Os manifestantes admitiram que se preparam para "uma luta longa" diante da falta de resposta do governo e do surgimento de diferenças entre os vários grupos que impulsionaram as primeiras reivindicações.

"As pessoas de "Occupy Central", um dos grupamentos que começou a pedir democracia, tentam impor uma organização e uma liderança neste movimento espontâneo. Têm que unificar a vontade das massas, só assim poderão pressionar o governo local ou Pequim", disse Willy Lam, professor de Política da Universidade Chinesa de Hong Kong.

Para este catedrático, os manifestantes devem "saber como se organizar, como montar uma ação ordenada e não violenta" e o ponto chave para que saiam triunfantes "residirá no quão determinados e unidos estiverem".

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