Incêndio: os residentes da torre Grenfell, estavam há anos reclamando da segurança deficiente do edifício (Leon Neal/Getty Images)
EFE
Publicado em 16 de junho de 2017 às 13h26.
Londres - O material usado para revistar a fachada do bloco de apartamentos que pegou fogo na quarta-feira em Londres, durante a reforma realizada em 2016 era a opção "mais barata e inflamável", segundo publica nesta sexta-feira o jornal "The Guardian".
A empresa Omnis Exteriors, fornecedora do composto de alumínio que foi usado para revestir o exterior do edifício de 24 andares, reconheceu ao jornal que foi pedida a opção mais econômica.
O diretor da companhia, John Cowley, disse ao "The Guardian" que foi encarregado um material chamado Reynobond PE, que é 2 libras (2,3 euros) mais barato por metro quadrado que o Reynobond FR, que é "resistente ao fogo ".
"Fornecemos componentes para um sistema criado pela equipe de desenho e construção deste projeto", disse Cowley.
Segundo o jornal, Harley Facades é a empresa que instalou os painéis comprados da Omnis na torre Grenfell, onde na quarta-feira foi declarado um incêndio que se propagou rapidamente e calcinou o edifício, deixando pelo menos 30 mortos, ainda que a polícia espera encontrar mais dezenas de vítimas.
Rydon, a empresa de construção subcontratada pela Câmara municipal de Kensington e Chelsea para fazer as obras no edifício de propriedade municipal, assegurou que este "cumpria todos os padrões" de segurança.
A primeira-ministra britânica, a conservadora Theresa May, ordenou a abertura de um inquérito judicial, à margem da investigação policial, para estabelecer as causas e as responsabilidades nesta tragédia.
O prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Khan, pediu a May a criação de um relatório preliminar sobre o fato para que os afetados não tenham que esperar muito para obter respostas, e também que atenda às necessidades dos sobreviventes.
Os residentes da torre Grenfell, situada no oeste de Londres , estavam há anos reclamando da segurança deficiente do edifício, construído em 1974, e da falta de medidas contra incêndios.
Como outros blocos similares de Londres, esta torre foi construída originalmente para hospedar gente dependente de proteção social, mas nos últimos anos, graças a uma mudança da lei, alguns apartamentos passaram a mãos privadas.
A câmara municipal do distrito de Kensington e Chelsea continua sendo responsável pela manutenção do edifício, ainda que para isso terceirize administradores de propriedados, neste caso a Organização de gestão de residentes de Kensington e Chelsea.
À medida que passam os dias, os sobreviventes do incêndio e outros moradores da zona estão expressando a indignação porque durante anos a Câmara ignorou suas queixas, e muitos atribuem isso ao fato de serem "pobres".