Protesto em apoio a Edward Snowden: extensão da espionagem vem sendo exposta com base em informações fornecidas pelo ex-agente da NSA (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2013 às 21h37.
Londres - As revelações feitas por Edward Snowden sobre as atividades britânicas de espionagem são um presente para os terroristas, disse na terça-feira o chefe do Serviço de Segurança MI5, agência de espionagem do governo britânico.
Em uma intervenção pública excepcionalmente franca em meio ao debate sobre os poderes das agências de espionagem dos EUA e do Reino Unido, Andrew Parker alertou que seus agentes precisam ler e escutar comunicações suspeitas, como forma de impedir atentados graves.
A extensão da espionagem britânica e norte-americana vem sendo exposta desde junho em reportagens publicadas por diversos meios de comunicação com base em informações fornecidas pelo ex-técnico de inteligência norte-americano Edward Snowden.
Alertando contra a cumplicidade com ameaças feitas por militantes, especialmente aqueles que voltam da guerra civil na Síria, Parker qualificou como absurda a ideia de que os britânicos vasculham gratuitamente os dados privados de cidadãos inocentes, como fazia a polícia secreta da Alemanha Oriental ou como ainda faz o regime comunista da Coreia do Norte.
Embora não tenha citado Snowden nominalmente, Parker alertou para o perigo de revelações sobre o trabalho da agência britânica de escutas, conhecida como GCHQ, cuja atuação foi esmiuçada nas reportagens baseadas em arquivos digitais obtidos por Snowden na Agência de Segurança Nacional dos EUA.
"Causa enormes danos tornar público o alcance e os limites das técnicas da GCHQ. Tais informações entregam a vantagem aos terroristas. É o presente do qual eles precisam para se evadir de nós e nos atacarem à vontade", disse Parker em seu primeiro pronunciamento público desde que assumiu a direção do MI5, em 22 de abril.
"A ideia de que podemos e queremos operar um escrutínio intensivo sobre milhares é fantasiosa. Isto aqui não é a Alemanha Oriental nem a Coreia do Norte. E ainda bem que não é", afirmou ele em Londres.