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Reuniões em Nova York tentam deter guerra na Síria

Kerry visitou esta semana Moscou para assegurar a aliado-chave do presidente sírio que Washington não busca uma mudança de regime


	Síria: Kerry pretende manter tanto Moscou como Riad dentro do grupo de 17 países que formam o Grupo Internacional de Apoio à Síria
 (Youssef Karwashan / AFP)

Síria: Kerry pretende manter tanto Moscou como Riad dentro do grupo de 17 países que formam o Grupo Internacional de Apoio à Síria (Youssef Karwashan / AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2015 às 11h04.

Delegados do Grupo Internacional de Apoio à Síria se reúnem nesta sexta-feira em Nova York para reduzir diferenças dentro de um ambicioso plano de Estados Unidos e Rússia que busca apoio da ONU para conseguir um cessar-fogo que detenha a brutal guerra civil na Síria.

O secretário de Estado americano John Kerry visitou esta semana Moscou para assegurar a este aliado-chave do presidente sírio Bashar Al Assad que Washington não busca uma mudança de regime.

Kerry se reuniu na véspera com o ministro das Relações Exteriores saudita Adel Al Jubeir em um hotel em Nova York para tranquilizar o inimigo mais implacável de Assad e assegurar que os Estados Unidos não diminuirão sua pressão sobre o homem forte da Síria.

Trata-se de um ato arriscado de equilíbrio diplomático com o qual Kerry pretende manter tanto Moscou como Riad dentro do grupo de 17 países que formam o Grupo Internacional de Apoio à Síria, que busca estabelecer conversações de paz.

Washington e o emissário da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, querem que o regime Assad e os grupos rebeldes enviem delegados para dar início a um diálogo de paz antes de 1o. de janeiro.

Se for alcançado um cessar-fogo na guerra civil de quatro anos e meio, que já deixou 250.000 mortos e forçou milhões de pessoas ao exílio, tanto as tropas da Síria, como da Rússia e da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos poderão se concentrar em combater o grupo jihadista Estado islâmico.

Segundo um acordo alcançado no mês passado, em Viena, o governo e os rebeldes sírios terão seis meses para formar um governo de transição e 18 meses para organizar eleições nacionais.

Mas o destino de Assad é o principal obstáculo para sair da crise.

Em entrevista à TV holandesa NPO2, Assad disse que com os esforços para provocar uma mudança de regime em Damasco a "guerra se eternizará".

"A guerra pode acabar em menos de um ano se os países responsáveis atuarem contra a chegada de combatentes estrangeiros à Síria", afirmou Assad.

Assuntos pendentes

Mas vários temas pendentes continuam atrapalhando o processo.

Assad e seus aliados estrangeiros como a Rússia e o Irã, conseguirão sentar-se com os rebeldes a quem normalmente chamam de terroristas?

Poderão os rebeldes e seus aliados estrangeiros tolerar conversações com um regime ao qual acusam de ter matado milhões de seus próprios cidadãos, com bombas de fragmentação e armas químicas?

Os enviados internacionais, incluindo o chanceler russo Sergei Lavrov, tentarão ouvir da Arábia Saudita um relatório de como progridem os esforços para mediar através da formação de uma coalizão rebeldes que negocie com Damasco.

Mas quem poderá liderar a luta contra organizações jihadistas como o Estado Islâmico, a Frente Al Nusra e Al-Qaida, que ficarão de fora do processo de paz?

Para abordar estas e outras questões, Grupo Internacional de Apoio à Síria se reunirão em um hotel de Nova York a convite dos Estados Unidos.

Depois os diplomatas irão à sede das Nações Unidas para buscar - e provavelmente obter - a aprovação do Conselho de Segurnaça para iniciar o processo de paz.

Os diplomatas americanos reconhecem que o plano é ambicioso e o sucesso não é certo, mas têma esperança de que Rússia e Arábia Saudita convençam seus respectivos aliados a negociar.

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