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Reunião sobre coronabônus expõe divisão da União Europeia

Divergência em torno da emissão de títulos de dívida do bloco, o coronabônus, separa países do Norte e do Sul

União Europeia: países do Sul estão altamente endividados, o que gera divergências sobre o coronabônus

União Europeia: países do Sul estão altamente endividados, o que gera divergências sobre o coronabônus

DR

Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2020 às 06h16.

Última atualização em 23 de abril de 2020 às 06h33.

Os chefes de Estado ou de governo dos 27 países da União Europeia fazem hoje (23) uma reunião para discutir um plano de recuperação da região após a pandemia do novo coronavírus. A reunião do Conselho Europeu, por videoconferência, deverá expor mais uma vez as diferenças entre os países do Sul e do Norte. O Sul, tendo à frente Itália e Espanha, as nações mais castigadas até agora pela covid-19, cobram mais ajuda do Norte, liderado por Alemanha e Holanda.

O principal motivo de divergência é o eurobônus, agora rebatizado de coronabônus, títulos de dívida que seriam emitidos pelos países membros, de forma conjunta, para financiar a recuperação da União Europeia. No entanto, os países do Norte se opõem ao uso desse mecanismo de solidariedade com os países do Sul, que estão altamente endividados e são considerados mais perdulários na gestão da política fiscal.

No último dia 9 de abril, após quatro dias de negociações, os ministros das Finanças dos 27 países do bloco chegaram a um acordo sobre um plano de ajuda de 540 bilhões de euros para os países atingidos pala pandemia. A contribuição financeira gira em torno de três eixos: uso do mecanismo europeu de estabilidade, no valor de até 240 bilhões de euros; um fundo de garantia de 200 bilhões de euros para empresas via Banco Europeu de Investimento; e liberação de 100 bilhões de euros para apoiar a manutenção de empregos.

O coronabônus acabou ficando de fora do acordo e o tema deve voltar à tona na reunião desta quinta-feira dos líderes europeus. Uma convergência em torno desse assunto, porém, parece pouco provável. Em uma entrevista no início da semana, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse que uma emissão de dívida conjunta exigiria a celebração de novos tratados entre os países membros, um processo que levaria “dois ou três anos” para ser concluído. “O que precisamos para lidar com esta pandemia é de respostas rápidas”, afirmou. Uma pesquisa publicada no final de março apontou que quase 65% dos alemães são contra a emissão do coronabônus.

Já o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, também em uma entrevista nesta semana, fez um apelo por mais solidariedade dos outros países europeus. Ele criticou a Alemanha pelo tamanho de seu superávit comercial – segundo ele, com esse excedente, a Alemanha não serve como uma locomotiva, mas como um “freio à Europa”. No início de abril, um grupo de prefeitos e outros políticos italianos fez publicar um anúncio no jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung para lembrar a Alemanha de que “o país nunca foi obrigado a pagar suas dívidas após a Segunda Guerra Mundial”.

O coronavírus abriu velhas feridas e, ao que tudo indica, elas não vão se cicatrizar tão cedo.

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