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Reunião de cúpula da Otan aspira reconstruir relações e superar impasses

Os líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) participam nesta segunda-feira em uma reunião de cúpula em Bruxelas que marca o reencontro com os Estados Unidos

 (Aldo GAMBOA, Christian SPILLMANN/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 14 de junho de 2021 às 06h45.

Última atualização em 14 de junho de 2021 às 06h49.

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Os líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) participam nesta segunda-feira em uma reunião de cúpula em Bruxelas que marca o reencontro com os Estados Unidos, um aliado estratégico a respeito do qual os europeus continuam divididos.

O presidente americano Joe Biden declarou a intenção de "revitalizar" a relação dentro da poderosa aliança militar, com o objetivo de superar as tensões registradas durante o mandato de seu antecessor Donald Trump.

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"Acreditamos que Otan é vital para manter nossa segurança", disse Biden durante a reunião do G7 no Reino Unido, antes de mencionar uma "obrigação sagrada" com a aliança.

Os aliados divulgarão um comunicado conjunto para destacar uma posição de união sobre a regirada de tropas do Afeganistão, a resposta coletiva a ciberataques e as relações com a China.

"Não haverá uma nova guerra fria com a China, mas devemos enfrentar os desafios representados pela China à nossa segurança", disse os secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg ao chegar à sede da Otan.

Washington mantém Pequim no centro de suas preocupações, mas os europeus estão mais concentrados na difícil relação com a Rússia.

"Vemos que Rússia e China estão cooperando cada vez mais ultimamente, tanto política como militarmente. Esta é uma nova dimensão e um sério desafio para a Otan", disse Stoltenberg há alguns dias, em uma tentativa de unir os dois temas.

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou que a declaração final da reunião de cúpula da Otan mencionará a China, mas que "a linguagem não será incendiária".

"Será claro, direto e sem voltas", destacou Sullivan.

Aliados importantes na Otan não escondem a frustração. O presidente da França, Emmanuel Macron, por exemplo, insiste que a Europa afirme sua "independência no que diz respeito a nossa estratégia sobre a China".

Prioridades

Para o núcleo europeu da Otan, a "prioridade número um" na definição de uma estratégia de longo prazo é uma reflexão profunda sobre a Rússia.

Na visão dos países europeus, a decisão de Washington e Moscou de abandonar tratados sobre controle de forças nucleares deixa a região mais vulnerável.

Outro tema de tensão permanente nas discussões da Otan é o papel da Turquia, um aliado difícil que, no entanto, pode desempenhar um papel central no futuro imediato do Afeganistão.

Após o anúncio por parte da Aliança do Atlântico Norte de que vai deixar o Afeganistão depois de duas décadas, a Turquia afirmou que está disposta a assumir a segurança do aeroporto de Cabul, um local essencial em qualquer cenário.

Biden pretende manter um encontro com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan para abordar o tema.

O presidente americano e os aliados da Otan também estão em uma corrida contra o tempo para reconstruir a unidade sobre o Afeganistão, depois que o governo Trump anunciou a retirada do país sem consultar os outros membros da aliança militar.

Financiamento

A delicada questão do financiamento da Otan estará presente nas discussões.

O assunto explodiu quando Trump reclamou publicamente que os países europeus não contribuíam com recursos suficientes para a Otan. Desde então, a discussão prosseguiu de maneira mais discreta.

Vinte e um países da Europa integram a Otan, mas apenas oito cumpriram nos últimos anos o compromisso de destinar 2% do PIB a gastos militares, uma meta que em período de crise de saúde global parece longe da realidade.

Stoltenberg chegou a apresentar uma iniciativa para que a aliança militar tenha fundos comuns para poder "gastar mais e melhor".

A ideia recebeu o apoio da Alemanha, país que não destina 2% de seu PIB à defesa, e fortes críticas da França, que cumpre a meta.

A expectativa é que Biden reduza um pouco o tom utilizado por Trump para criticar a contribuição financeira europeia, mas ele deve pressionar os países do Velho Continente e o Canadá para que alcancem a meta de 2% do PIB destinados ao setor de defesa.

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