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Reunião entre Trump e Zelensky em igreja reacende esperança de paz, mas caminho segue incerto

Presidentes conversaram antes de funeral do papa Francisco na Basílica de São Pedro

Os presidentes Donald Trump e Volodymyr Zelensky, durante conversa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 26 de abril (Presidência da Ucrânia/AFP)

Os presidentes Donald Trump e Volodymyr Zelensky, durante conversa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 26 de abril (Presidência da Ucrânia/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 26 de abril de 2025 às 14h37.

A cena de dois presidentes, sentados em cadeiras em um canto da Basílica de São Pedro, é uma das mais marcantes do funeral do Papa Francisco, neste sábado, 26. Ali, Donald Trump e Volodymyr Zelensky falaram por cerca de 15 minutos, pouco antes de a missa em homenagem ao papa começar. Representantes dos dois lados disseram depois que a conversa foi produtiva, mas o cenário de incerteza permanece.

Este foi o primeiro encontro presencial entre os dois desde fevereiro, quando Trump criticou Zelensky publicamente, em frente às câmeras. Na ocasião, o ucraniano foi acusado de ser ingrato e de travar negociações de paz. A conversa atual serviu para reaproximar os dois, mas ainda com cautela.

Em um sinal sutil da discordância entre os lados, o governo Zelensky disse à imprensa esperar uma segunda reunião com Trump ainda neste sábado. Não houve tempo: o americano deixou o Vaticano pouco depois do fim da missa e, antes de terminar o enterro de Francisco, já estava voando no Air Force One de volta a Washington. Enquanto isso, Zelensky ficou mais tempo e conversou com vários líderes europeus.

A viagem de Trump levará 10 horas. O avião tem internet de ponta, e o presidente poderá seguir em conversas com outros líderes, assim como anunciar medidas e falar com jornalistas a bordo.

Assim, o cenário ainda pode mudar neste sábado, mas, até o começo da tarde no Brasil, ainda não havia avanços concretos para um cessar-fogo.

Sinais de Trump para os dois lados

Nos últimos dias, Trump deu sinais de apoio para os dois lados. Em entrevista à revista Time, disse considerar que a Crimeia deveria ficar com a Rússia. A península foi anexada pelos russos em 2014, mas antes pertencia à Ucrânia. Do outro lado, pediu que o presidente russo Vladimir Putin 'PARE' de atacar Kiev, em um post nas redes sociais, com direito a letras maiúsculas, algo comum em seu estilo.

Putin, no, entanto, seguiu atacando. Também neste sábado, seu governo disse ter retomado o controle de áreas em Kursk, que haviam sido invadidas por forças ucranianas em meio à guerra. A Ucrânia negou ter perdido o controle da área.

Trump prometeu parar o conflito assim que tomasse posse, em janeiro. Ele se aproxima dos cem dias de governo sem ter conseguido. Houve cessar-fogo parcial, mas as conversas de paz não avançaram para uma trégua completa.

Ao mesmo tempo, o republicano reaproximou os Estados Unidos da Rússia e buscou encurralar Zelensky, que depende da ajuda militar e financeira dos EUA. A gestão anterior, de Joe Biden, agia diferente: dava apoio quase irrestrito à Ucrânia, com apoio dos republicanos, e adotou várias medidas para punir a Rússia pela invasão. Já Trump tem feito acenos à Moscou, como o de que empresas americanas poderão voltar ao país se a guerra acabar.

Um cessar-fogo depende de várias condições, como garantias de que a Ucrânia não seja invadida novamente, ou que Putin não invada outro país europeu após o fim do conflito. Já a Rússia quer garantias de que a Ucrânia não se tornará uma base ocidental, de onde poderiam partir ataques rumo ao seu território. E ambos os lados precisam achar formas de saírem vitoriosos do conflito, ao menos em suas narrativas.

Uma comentarista de TV disse que a reaproximação entre os Trump e Zelensky e um eventual fim da guerra poderia ser "o primeiro milagre de Francisco" após a morte. Milagres podem acontecer, mas um final para a Guerra da Ucrânia, que já passa de três anos, ainda depende de muitos fatores terrenos.

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