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Responsável por denunciar espionagem dos EUA se revela

Agora Snowden espera encontrar um país "que respeite a liberdade de expressão", segundo garantiu no último domingo em entrevista ao jornal "The Washington Post"


	O jovem, que tinha a identidade mantida em segredo pelos jornais "The Guardian" e "The Washington Post", pediu neste fim de semana que seu nome fosse revelado para o público, de maneira a reivindicar o direito dos cidadãos americanos à privacidade
 (REUTERS / Ewen MacAskill / The Guardian)

O jovem, que tinha a identidade mantida em segredo pelos jornais "The Guardian" e "The Washington Post", pediu neste fim de semana que seu nome fosse revelado para o público, de maneira a reivindicar o direito dos cidadãos americanos à privacidade (REUTERS / Ewen MacAskill / The Guardian)

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Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2013 às 18h11.

Washington - Edward Snowden, o jovem de 29 anos sem estudos universitários que trabalhava para a Agência Nacional de Inteligência (CIA) graças ao enorme talento na área de programação, causou polêmica nos Estados Unidos ao revelar que o governo grava e vigia chamadas telefônicas e mensagens enviadas por milhões de usuários no país.

Snowden, que estava hospedado em um hotel em Hong Kong (China) até esta segunda-feira, quando fez o check-out, morou no Havaí recentemente com a namorada, e foi descrito como pouco amigável e arredio pelos vizinhos, segundo entrevistas a uma emissora de televisão local citadas pelo jornal "The Telegraph".

Agora ele espera encontrar um país "que respeite a liberdade de expressão", segundo garantiu no último domingo em entrevista ao jornal "The Washington Post".

Seu objetivo é escapar de um possível julgamento nos Estados Unidos, após protagonizar um dos maiores vazamentos de informações confidenciais da história do país.

O jovem, que tinha a identidade mantida em segredo pelos jornais "The Guardian" e "The Washington Post" - veículos aos quais forneceu informações sobre os programas de vigilância do governo -, pediu neste fim de semana que seu nome fosse revelado para o público, de maneira a reivindicar o direito dos cidadãos americanos à privacidade.

Segundo o jornal "Politico", Snowden é um forte defensor da liberdade digital e havia colado em seu computador um adesivo com a frase "Eu apoio os direitos online: Fundação Fronteira Eletrônica" e outro referente ao "Tor Project", um software de anonimato na internet.


Partidário do anti-intervencionismo por parte do Estado, Snowden fez doações no valor de US$ 250 (aproximadamente R$ 535) à campanha de Ron Paul, um pré-candidato à presidência pelo Partido Republicano nas eleições de 2012, conhecido por sua posição contrária a guerras e armas, e por sua condição de libertário.

Snowden se alistou no exército americano em 2003, para participar de um programa das Forças Especiais, mas pediu dispensa cinco meses depois por ter quebrado as duas pernas durante um treinamento. Mais tarde, começou a trabalhar como guarda de segurança na Agência Nacional de Segurança (NSA, sigla em inglês), responsável pelas atividades denunciadas pelo programador.

Em 2007, já trabalhava com segurança de TI (tecnologia da informação) para a CIA, que o enviou a Genebra (Suíça) como responsável pela por assuntos diplomáticos, o que lhe deu acesso a uma ampla variedade de documentos confidenciais.

"Com óculos metálicos, cabelo curto e escuro e uma barba curta que confere a ele um ar acadêmico, (Snowden) nunca terminou a universidade", descreve "The Washington Post". Ele abandonou o ensino médio e retomou os estudos anos depois, em uma escola de adultos no estado de Maryland (EUA).

O jornal acrescenta ainda que o nível de escolaridade de Snowden é baixo e "pouco comum entre pessoas que ocupam altos cargos na área de inteligência".

Segundo a imprensa americana, recentemente, o jovem trabalhava para a empresa Booz Allen Hamilton, uma companhia terceirizada da NSA, no Havaí, e recebia um salário de US$ 200 mil anuais (aproximadamente R$ 430 mil).

Quando ainda estava no Havaí, concedeu sua primeira entrevista ao "The Guardian", e também teve acesso ao último pacote de documentos confidenciais que mais tarde tornaria público. Depois do vazamento, pediu dispensa por conta de sua epilepsia, e aproveitou o momento para fugir para Hong Kong.

Embora a profundidade do vazamento de informações, a única certeza é a de que o jovem tinha como objetivo permitir que os cidadãos americanos soubessem que estavam sendo monitorados pelo governo, e que suas atitudes foram tomadas por "uma questão de princípios".

Snowden divulgou a existência de dois programas de espionagem secretos que permitem consultar diariamente registros de milhões de ligações telefônicas nos Estados Unidos e extrair informações de grandes servidores da internet para espionar suspeitos de terrorismo.

Os vazamentos de informações sigilosas, sobre as quais o Departamento de Justiça americano já abriu uma investigação, podem resultar em acusações contra Snowden, o que permitiria aos Estados Unidos reivindicarem sua extradição de Hong Kong, já que existe um tratado bilateral em vigor que diz respeito a esse tipo de situação.

O nome de Edward Snowden já faz parte lista dos "gargantas profundas" dos Estados Unidos, junto a pessoas como Daniel Ellsberg, responsável por tornar públicos os documentos que revelaram a verdadeira situação da Guerra do Vietnã; William Mark Felt, o agente do FBI que denunciou o caso Watergate; e o soldado Bradley Manning, fonte do Wikileaks.

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