Valerie Amos: os agressores “violaram todos os princípios de humanidade e decência comum”, disse ela (Scott Barbour/ Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de abril de 2015 às 11h29.
Londres - O respeito por representantes da ONU e da Cruz Vermelha está “desaparecendo”, disse a chefe de ajuda humanitária da Organização das Nações Unidas após a morte de quatro membros da entidade na Somália, em um momento no qual outras agências se preocupam com a segurança de funcionários no Iêmen e no Sudão do Sul.
Seis pessoas, incluindo quatro funcionários do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), morreram após o veículo em que estavam ter sido atingido por uma bomba na região semiautônoma de Puntland, na Somália, na segunda-feira.
“Trabalhadores humanitários são cada vez mais alvos, com sérias consequências para nossa capacidade de chegar às pessoas que precisam urgentemente da ajuda”, disse Valerie Amos, coordenadora de emergência humanitária da ONU.
Os agressores “violaram todos os princípios de humanidade e decência comum”, disse ela em um comunicado na noite de terça-feira. “Quando trabalhadores humanitários são atacados, eles não podem ajudar pessoas.”
Seis funcionários da International Medical Corps no Iêmen ficaram feridos por conta de um ataque aéreo na segunda-feira, e o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas disse na quarta-feira estar “profundamente preocupado” sobre três membros desaparecidos no Sudão do Sul.
Ataques contra trabalhadores humanitários têm crescido todos os anos há mais de uma década, chegando ao recorde de 264 ataques e afetando 474 pessoas em 2013, de acordo com os números da ONU.
O grupo Al Shabaab, ligado à Al Qaeda, tem realizado uma série de ataques na Somália e em países vizinhos, buscando impor sua severa marca islamista e em derrubar o governo somali, o qual tem o apoio de doadores ocidentais e pacificadores africanos.
Os funcionários do Unicef foram mortos por um explosivo improvisado colocado em uma estrada, enquanto iam do alojamento para o escritório. A explosão feriu seriamente outros quatro funcionários da entidade.
“Ataques a trabalhadores humanitários pode constituir um crime de guerra e são uma violação total de leis humanitárias internacionais e de direitos humanos”, afirmou Amos.