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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 12h38.
Londres - O pedido da Grécia nesta sexta-feira para ativar o auxílio financeiro da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) não é mais do que uma solução de curto prazo para os problemas do país, que levaram o mercado a contemplar os riscos de uma reestruturação de dívida.
Seguem as principais razões pelas quais a reação dos mercados financeiros nesta sexta-feira foram limitadas se comparadas à escala das reações nas últimas semanas e meses, que viram o euro cair à mínima em um ano contra o dólar e os rendimentos dos bônus dispararem para máximas em 12 anos.
* Os mercados financeiros não acreditam que o pacote de resgate de 45 bilhões de euros da UE e do FMI seja suficiente para resolver os problemas de financiamento da Grécia, porque só cobre suas necessidades fiscais para 2010, e não as dos próximos dois ou três anos.
* Existe a preocupação de que a Grécia possa não conseguir cumprir as medidas adicionais estabelecidas pelo FMI, uma vez que o país já precisa reduzir seu déficit em 4 pontos percentuais neste ano e está enfrentando agitações sociais. As revisões para os dados de déficit de 2009 na quinta-feira também compõem as preocupações.
* O FMI já disse que a deflação pode ser a única saída para a crise da Grécia. Tais comentários reforçaram para os mercados financeiros os problemas de competitividade que alguns países menores da zona do euro, com consumo maior que a média e inflação salarial, enfrentam dentro do bloco de moeda-comum.
* Há a percepção de que os planos de redução de déficit da Grécia dependem mais da arrecadação de impostos do que o desejado. Atingir as metas de redução de déficit orçamentário pode, portanto, ser difícil se as medidas de austeridade derem início a uma recessão profunda, erodindo a receita com impostos.
* O perfil de dívida dos gregos, que é pressionado por vencimentos de curto prazo, significa que o país enfrentará pressões de financiamento mais rígidas nos próximos três ou quatro anos.
* O resgate da dívida torna imperativo que a Grécia obtenha o dinheiro rápido o suficiente e, até agora, o momento da entrega do auxílio é incerto. A Grécia precisa levantar 10 bilhões de euros em maio, com bônus de 8,5 bilhões de euros vencendo em 19 de maio e com pagamentos de cupons logo depois.
* A indecisão de autoridades da zona do euro durante os esforços para criar o pacote de resgate à Grécia deixou os membros do mercado céticos sobre se os políticos podem -- e querem -- agir rápido o suficiente para diminuir os crescentes custos de dívida do país, parte dos seus problemas fiscais.
* A decisão de incluir o FMI no plano de ajuda gerou dúvidas sobre a capacidade da zona do euro de resolver seus próprios problemas. Restrições em mecanismos de ajuste, como a taxa de câmbio e a política monetária, que estão fora do controle da Grécia, podem dificultar o aconselhamento do FMI ao país.
* Não está claro se o pacote para a Grécia servirá de modelo para qualquer país da zona do euro que enfrentar pressões similares. Analistas dizem que os mercados financeiros podem acabar empurrando os rendimentos para cima em outros países periféricos da zona do euro, como Portugal, para testar a preparação do bloco para resgatar outros Estados com problemas fiscais.
* A eleição de 9 de maio no estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália, onde a opinião pública se opõe fortemente ao auxílio à Grécia, pode dificultar uma aprovação rápida de Berlim ao pacote.
* Uma reforma de regras fundamentais e regulações para prevenir crises como a da Grécia na zona do euro e melhorar o processo disciplinar exigiria mudanças no Tratado da UE que demoraria muito tempo, deixando os mercados financeiros sem ideia exata sobre como as regras são implementadas no futuro próximos.
* A curva de credit default swap (CDS) da Grécia se inverteu mais cedo neste ano, com os investidores elevando a proteção contra o risco de moratória. Não há sinal da curva CDS se inverter, um forte sinal de que a pressão do mercado não vai ceder tão cedo.