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Resgate de corpos divide opiniões entre familiares

Quase dois anos depois do acidente, que deixou 228 mortos, a notícia traz conforto para uns e indignação para outros

O presidente da associação criticou o envio dos corpos a França, dizendo que isso contraria a vontade dos familiares brasileiros (AFP)

O presidente da associação criticou o envio dos corpos a França, dizendo que isso contraria a vontade dos familiares brasileiros (AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2011 às 21h01.

São Paulo - O resgate anunciado hoje, pela polícia francesa, do primeiro corpo dos destroços do voo AF-447 da Air France, que fazia a rota Rio-Paris e caiu no Atlântico no dia 31 de maio de 2009, divide opiniões entre os familiares das vítimas brasileiras. Quase dois anos depois do acidente, que deixou 228 mortos, a notícia traz conforto para uns e indignação para outros, que preferiam que os corpos fossem "deixados em paz".

Em 2009, logo após a queda do avião, 50 corpos foram resgatados, e desde então nenhum tinha sido encontrado. Para o presidente da Associação de Familiares de Vítimas do Voo AF-447, Nelson Faria Marinho, a localização de um novo corpo e a promessa de que as buscas vão continuar representam a chance de encerrar um ciclo. "Muitas famílias ficaram frustradas, e agora finalmente vão poder ter um enterro".

Nelson, que é pai de uma das vítimas, conta que a notícia também é importante do ponto de vista legal, já que os familiares vão conseguir a certidão de óbito de seus parentes. "É o pontapé inicial para indenizações, aposentadoria, movimentações bancárias. Para conseguir a certidão de morte presumida, leva-se de 6 meses a 2 anos. Até hoje não consegui a do meu filho", disse.

O presidente da associação criticou o envio dos corpos a França, dizendo que isso contraria a vontade dos familiares brasileiros. "Os primeiros 50, quando foram encontrados, vieram para o Brasil. Pedimos que estes viessem também, mas não fomos atendidos", afirmou. Marinho voltou a defender que a caixa-preta seja analisada em um "país neutro", como os Estados Unidos, e não na França.

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