Trump: ele terá uma tarefa árdua para vencer seus detratores no partido (David Becker / Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2016 às 12h21.
Os Estados Unidos voltam seu foco a partir da próxima segunda-feira, em Cleveland, para a formalização da candidatura presidencial republicana de Donald Trump, durante uma convenção que se anuncia combativa e promete lançar as normas pela janela.
O rito, que se repete a cada quatro anos, foi desenhado para unir os republicanos, designar formalmente seu candidato à presidência e catapultar o partido para as eleições de novembro.
Mas Trump terá uma tarefa árdua para vencer seus detratores no partido. Seu estilo bombástico e sua retórica cáustica provocaram rachaduras na identidade do Partido Republicano.
Trump, ex-apresentador de reality shows, prometeu um espetáculo de showbiz na Quicken Loans Arena, onde os Cavaliers de LeBron James, campeões da NBA, disputam suas partidas.
Os membros famosos de sua família - a mulher, Melania, e os quatro filhos adultos - subirão, sucessivamente, ao palco para elogiar o candidato, juntamente com alguns políticos e o recém-nomeado companheiro de chapa de Trump, Mike Pence.
Quatro de seus antigos rivais nas primárias republicanas também tomarão a palavra, incluindo o senador Ted Cruz, que, em maio, chamou Trump de "mentiroso patológico".
Mas as ausências chamam a atenção. Os quatro dias de festa republicana em Cleveland (Ohio) não contarão com nenhum ex-presidente, poucos líderes partidários e um punhado de funcionários escolhidos.
George W. Bush, John McCain e Mitt Romney, os três últimos porta-bandeiras republicanos na presidência, deram as costas para o evento.
O irmão de George, Jeb Bush, derrotado nas primárias republicanas, destilou sua oposição ao magnata do ramo imobiliário em um artigo publicado nesta sexta-feira no "Washington Post", denunciando que Trump "não reflete os princípios ou o legado de inclusão do Partido Republicano". "Rechaço Donald Trump como líder do nosso partido."
Resistência interna
Se Trump pode ter uma recepção ruim por parte de delegados descontentes no salão de convenções, nas ruas, manifestantes planejam protestos. Ele teriam início neste domingo, com uma marcha contra o racismo, a islamofobia e os ataques a imigrantes.
Mas Trump parece ter conseguido uma vitória, com a revelação de que falharam os esforços mais recentes de seus opositores no partido para mudar as regras de indicação e arruinar sua candidatura.
"(O Trump nunca) não existe mais", deleitou-se no Twitter. Seus críticos parecem aguardar a convenção, que será transmitida pelas principais redes de TV no horário nobre, para travar sua última batalha.
"De nenhuma forma nos rendemos", afirmou à AFP o ex-senador Gordon Humphrey, confiante em que "os delegados têm a última palavra, não os líderes partidários".
Membros do partido informaram que o tema da convenção será o mesmo da campanha de Trump, uma promessa de "devolver a grandeza aos Estados Unidos", e os temas a serem discutidos serão "segurança nacional, imigração, comércio e emprego", segundo Jeff Larson, chefe da convenção.
No contexto dos atentados em San Bernardino, Bruxelas, Orlando e Nice, Trump deverá voltar a se apresentar como o candidato da lei e ordem, apostando no tom agressivo que lhe rendeu créditos até agora.
Hillary à espera
Durante a próxima semana, inteiramente republicana, a candidata democrata, Hillary Clinton, tentará conquistar um pouco da atenção da imprensa.
Na segunda-feira, discursará para a NCAAP, maior organização de defesa dos negros, que organiza sua convenção anual em Cincinnati (Ohio), a 400km de Cleveland.
Quando o espetáculo de Trump chegar ao fim, Hillary buscará contra-atacar com o anúncio de seu companheiro de chapa, e, a partir de 25 de julho, a convenção democrata na Filadélfia.
O presidente Barack Obama acompanhará a coroação de Trump da Casa Branda, antes de oferecer o peso de sua popularidade no palco, no dia 27, para impulsionar a candidatura de sua ex-secretária de Estado.