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Congresso dos EUA ratifica vitória de Biden após cenas de guerra em Washington

Durante a noite, parte dos congressistas republicanos na Câmara seguiu questionando o resultado da eleição na Pensilvânia, mas vitória de Biden foi confirmada

Manifestantes no Congresso dos EUA: violência na capital americana deixou ao menos quatro mortos (Win McNamee/Getty Images)

Manifestantes no Congresso dos EUA: violência na capital americana deixou ao menos quatro mortos (Win McNamee/Getty Images)

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Carolina Riveira

Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 05h37.

Última atualização em 7 de janeiro de 2021 às 08h24.

Joe Biden será oficialmente o 46º presidente da história dos Estados Unidos. Em uma votação que começou ontem e precisou ser interrompida em meio às cenas de guerra que tomaram conta de Washington D.C, o Congresso americano ratificou Biden na manhã desta quinta-feira, 7, dando fim a uma novela de meses desde a eleição presidencial em 3 de novembro.

Após manifestantes apoiadores do presidente Donald Trump invadirem o Capitólio, onde a votação acontecia na noite de ontem, os congressistas precisaram paralisar a sessão, que só voltou horas depois e avançou madrugada adentro.

Com a ratificação, Biden, aos 78 anos, toma posse no próximo dia 20 de janeiro. Kamala Harris, 56 anos, será a vice-presidente, a primeira mulher e a primeira representante de minorias a ocupar o cargo.

Por volta das 5h50 (horário de Brasília) e ainda madrugada nos EUA, o vice-presidente americano, Mike Pence, leu ao Congresso o resultado da eleição presidencial, agora confirmado. Foram 306 votos para Joe Biden no colégio eleitoral, contra 232 de Donald Trump -- o mesmo resultado que Trump teve ao vencer em 2016.

Na votação absoluta -- que não leva à vitória nos EUA --, Biden também venceu, com quase 81,3 milhões de votos dos eleitores americanos, contra 74,2 milhões de Trump, que buscava a reeleição.

Durante a madrugada desta quinta-feira, parte dos congressistas republicanos na Câmara chegou a questionar o resultado da eleição na Pensilvânia, onde Biden venceu e o estado que concretizou a vitória nacional na eleição de novembro.

Até às 5h20, segundo a agência Bloomberg, a maioria dos republicanos na Casa votaria para questionar a Pensilvânia; no entanto, como a Câmara é democrata, a maioria dos votos seguiu sendo a favor da confirmação do resultado e da vitória de Biden.

O Senado, mesmo de maioria republicana, rejeitou o questionamento à Pensilvânia e também confirmou por maioria a vitória de Biden. Havia alguma expectativa de que a vitória em alguns estados pudesse ser amplamente questionada no Senado, mas houve pouca resistência da maior parte dos congressistas após a destruição no Capitólio.

O presidente americano Donald Trump não reconhece a derrota nesse e em outros estados e, ontem, teve a conta no Twitter bloqueada por 12 horas pela plataforma até que apagasse tuítes sobre o protesto. A invasão no Capitólio fez congressistas terem de se trancar em seus gabinetes, gerou cenas de violência e deixou ao menos quatro vítimas até a manhã desta quinta-feira. 

O protesto de apoiadores de Trump ontem aconteceu justamente para questionar a ratificação de Biden pelo Congresso, após o resultado ter sido questionado por meses pelo presidente. Ações judiciais chegaram a ser abertas pela equipe de Trump, mas foram rejeitadas em todo o país.

O questionamento de parte dos republicanos mesmo após a invasão de apoiadores de Trump gerou surpresa nos Estados Unidos, assim como as cenas de violência na capital americana, gerou críticas nos Estados Unidos. Agora, o temor é de que as cicatrizes políticas dos acontecimentos de ontem sigam assombrando o país -- e o resto do mundo -- por algum tempo.

“Estamos assistindo a um colapso do centro político do Ocidente associado a um questionamento sobre as lideranças e a desigualdade socioeconômica, ingredientes que costumam marcar mudanças de era”, disse à EXAME o cientista político americano Christopher Garman, diretor executivo para as Américas da consultoria de risco político Eurasia.

Mesmo o senador Ted Cruz, que foi uma das vozes que mais defendeu os questionamentos sobre o resultado da eleição, disse nesta manhã, antes da conclusão da votação: "Agora, o Congresso precisa cumprir nossa responsabilidade constitucional de completar o processo de certificação do Colégio Eleitoral. Nós devemos -- e estou confiante que iremos, ter uma transição pacífica e ordenada do poder, de acordo com a Constituição".

Também na noite de ontem, os democratas levaram as duas cadeiras restantes no Senado com o resultado das eleições do segundo turno na Geórgia. Com as vitórias, empatam em número de senadores com os republicanos na nova legislatura -- e eventuais empates em votações são decididos pela vice-presidente Kamala Harris, o que dá maioria ao partido e maior governabilidade à gestão Biden. O Senado era controlado pelos republicanos desde 2015.

(Com Carla Aranha)

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