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Republicanos querem processar governo dos EUA por vacinação obrigatória

Depois de meses tentando convencer os americanos a se vacinarem, Biden adotou a vacinação obrigatória contra a covid

"Isto parece uma ditadura", criticaram republicanos da Câmara dos Representantes (AFP/AFP)

"Isto parece uma ditadura", criticaram republicanos da Câmara dos Representantes (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 10 de setembro de 2021 às 18h16.

O anúncio do presidente democrata, Joe Biden, de que a vacinação contra a Covid será obrigatória para dois terços dos trabalhadores gerou indignação entre os republicanos, que pretendem processar o governo do país das liberdades individuais.

"Isto parece uma ditadura", criticaram republicanos da Câmara dos Representantes antes mesmo de Biden terminar seu discurso desta quinta-feira. O presidente democrata dizia: "Temos sido pacientes, mas nossa paciência está se esgotando."

Depois de meses tentando convencer os americanos a se vacinarem, inclusive com recompensas, o presidente adotou um tom diferente ao anunciar sua nova "estratégia": tornar a vacinação obrigatória para cerca de 100 milhões de americanos. “Todos nós tivemos que pagar pela sua recusa”, assinalou, referindo-se aos 80 milhões de americanos que ainda não foram vacinados, que representam 25% da população.

Nesta sexta-feira, a onda de reações indignadas dos conservadores, que pedem liberdade e ameaçam entrar com ações legais, crescia. Esse é um "ataque à empresa privada", reagiu o governador republicano do Texas, Greg Abbott, ao anunciar que assinou uma ordem executiva para "proteger o direito de escolha dos texanos".

"Nós nos vemos nos tribunais", disse a Biden o governador conservador de Dakota do Sul. O Partido Republicano "processará este governo, para proteger os americanos e suas liberdades", afirmou a presidente do partido, Ronna McDaniel.

Assim como Ronna, muitos republicanos dizem apoiar a vacina, mas são contra a vacinação obrigatória. Outros são céticos em relação às vacinas.

O novo tom de Biden parece ter alimentado reações desses setores. "Essa não é a forma como os americanos esperam que as autoridades eleitas falem com eles", declarou hoje o ex-vice-presidente republicano Mike Pence ao canal Fox News.

A pandemia já matou 650 mil pessoas nos Estados Unidos. Diante desse quadro, Biden assinou ontem uma ordem executiva que obrigará os servidores públicos a se vacinar nas próximas semanas. A ordem também se aplica a funcionários terceirizados, funcionários de asilos e escolas que dependem do governo federal, além do setor privado.

Batalha legal

Os democratas e defensores das novas medidas argumentam que outras vacinas já são obrigatórias nos Estados Unidos. Também citam a jurisprudência e decisões da Suprema Corte como a de 1905, que decidiu contra um americano que se recusou a ser vacinado contra a varíola.

Essa decisão, no entanto, aplicou-se ao poder estadual, e não ao federal. A questão agora é se a Casa Branca pode impor esse requisito via ordem executiva, e a batalha legal pode ser feroz.

As exigências do Partido Republicano "são frívolas", tuitou Lawrence Gostin, professor de direito da Universidade de Georgetown. Já o lobby Business Roundtable, que representa as maiores empresas dos Estados Unidos, "saudou" a política de Biden para o vírus.

Questionado nesta sexta-feira sobre as ameaças de processo republicanas, Biden foi reativo: "Que tentem", declarou, afirmando estar "especialmente decepcionado com o fato de alguns governadores republicanos terem agido tão levianamente com a saúde das crianças. Não deveríamos ser condenados a este debate político.”

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