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Republicanos recorrem à saúde para minar Hillary Clinton

Os republicanos mais beligerantes se agarram a todos os aspectos da vida da democrata para minar sua imagem antes das primárias


	Hillary Clinton: "quando envelhecem, as mulheres estão ansiosas em começar porque sentem que já cumpriram suas responsabilidades", disse
 (Saul Loeb/AFP)

Hillary Clinton: "quando envelhecem, as mulheres estão ansiosas em começar porque sentem que já cumpriram suas responsabilidades", disse (Saul Loeb/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2014 às 06h29.

Washington - Sua idade, seu trabalho como secretária de Estado, sua condição de ex-primeira-dama, sua postura progressista em temas sociais e, agora, também o mais sagrado: a saúde.

Os republicanos mais beligerantes se agarram a todos os aspectos da vida de Hillary Clinton para minar sua imagem antes da realização das primárias.

"Isso é só o começo", declarou nesta semana seu marido e ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, ao se referir aos recentes comentários de um conhecido estrategista republicano que, em questão de horas, colocaram a saúde da potencial candidata presidencial no centro do debate político.

Karl Rove, arquiteto das vitórias do ex-presidente George W. Bush, teria chegado a afirmar - segundo o jornal "The New York Post" - que Hillary Clinton possui "danos cerebrais" em consequência da pacanda na cabeça que sofreu no final de 2012.

Diante da grande repercussão criada em torno desta informação, o republicano se apressou em desmentir que essas palavras fossem suas, embora tenha ressaltado que aquele incidente foi sério e, por isso, exigiria explicações de Hillary caso ela se candidatasse às eleições de 2016.

Para os analistas, Rove não dá ponto sem nó e esse suposto mal-entendido teria sido toda uma estratégia para lançar uma nova arma contra a ex-primeira-dama, até agora a figura política melhor situada nas pesquisas relacionadas às próximas eleições presidenciais.

A transparência de Hillary sobre sua saúde já foi questionada no final de 2012 e no começo do ano passado, quando a pauta girava em torno da "doença estomacal" e suas consequências, como o desmaio, a queda, a pancada na cabeça e os três dias que passou internada para tratar um coágulo.

"Ela está 100% e ponto", deixou claro na terça-feira o porta-voz da ex-primeira-dama Nick Merrill. Seu marido Bill Clinton também se apressou em rebater os boatos, mas com ironia: "Se ela tem danos cerebrais, eu devo estar realmente fora de forma, já que ela continua sendo mais rápida do que eu", disse.

"Primeiro disseram que ela estava fingindo sua comoção, agora dizem que está tentando conseguir um papel em "The Walking Dead" - a popular série de zumbis -", brincou o ex-presidente.

Intimamente ligado ao debate sobre sua saúde está a questão de sua idade. Se assumir a Casa Branca em 2016, Hillary Clinton, aos 69 anos, passaria ser a segunda pessoa mais velha a assumir as rédeas do país, sendo apenas alguns meses mais jovem que o republicano Ronald Reagan em 1980, quando foi eleito.

No entanto, como hábil oradora, Hillary deu uma reviravolta nessa questão da idade em um ato com mulheres: "Quando envelhecem, os homens estão cansados da carreira e tudo o que querem é respirar fundo, se aposentar, jogar golfe e simplesmente curtir a vida", disse.

"Já as mulheres estão ansiosas em começar porque sentem que já cumpriram suas responsabilidades; seus filhos já estão criados e agora é o momento delas mostrarem o que podem fazer", acrescentou.

Junto ao seu estado de saúde e sua idade, seu trabalho à frente da diplomacia do país no primeiro mandato de Barack Obama é outro dos temas usados pelos republicanos que querem minar as possibilidades de Hillary.

Sua gestão nos atentados terroristas de Benghazi (Líbia) em 2012, nos quais quatro americanos morreram - incluindo o embaixador nesse país -, voltou à tona depois que os legisladores republicanos tentaram criar uma comissão na Câmara dos Representantes para investigar essa crise e como a mesma foi manejada.

Dispostos a não deixar escapar nem uma oportunidade para desgastar a imagem da potencial rival em 2016, os republicanos chegaram a responsabilizar Hillary pelo recente sequestro de mais de 200 estudantes na Nigéria, principalmente por não ter classificado o Boko Haram, a milícia radical islâmica responsável pela ação, como uma organização terrorista internacional em 2011.

Quando não é a idade, a saúde ou seu trabalho à frente da diplomacia americana, a questão passa a envolver seu passado como primeira-dama, principalmente por ter perdoado o adultério de seu marido (caso Monica Lewinski), ou por se mostrar progressista em complexos assuntos sociais, como o aborto e o casamento homossexual.

Neste caso, qualquer argumento é bom para elaborar um novo ataque contra a candidata melhor posicionada para as eleições de 2016, que, segundo as enquetes apresentadas pela imprensa americana, teria uma notável vantagem sobre qualquer outro aspirante.

Enquanto Hillary Clinton ainda não confirmou se voltará a se candidatar às primárias de seu partido para disputar a presidência, dois fatores fundamentais da política americana já dão essa possibilidade como certa: a imprensa, com a cobertura de todos os seus passos, e os republicanos, que elevam a cada dia o tom de seus ataques. 

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